Para que as famílias beneficiárias da Reforma Agrária no Tocantins possam produzir mais e gerar renda, extensionistas rurais passam a atuar, a partir deste mês de dezembro, nos projetos de assentamentos. Essa ação faz parte de um contrato de prestação de serviço firmado entre o Governo do Estado, por meio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com vigência de um ano, podendo ser prorrogado por igual período.
Os primeiros encontros com as equipes que vão a campo e os pequenos produtores aconteceram nas cidades de Natividade e Gurupi, onde foram apresentados detalhes do plano de trabalho que será executado pelos profissionais da extensão rural.
Para o presidente do Ruraltins, Pedro Dias, essa parceria entre as duas instituições é muito importante, pois os produtores necessitam de uma assistência eficaz e eficiente para que melhorem a estrutura organizacional e produtiva das propriedades. “Os pequenos produtores estão no campo para atuar naquilo que mais sabem fazer, que é produzir. Mas para isso, precisam ser apoiados no decorrer de todo processo produtivo para que deixem de praticar uma agricultura de subsistência. Essa é a nossa missão, levar o que temos de melhor em termos de conhecimentos para melhorar os níveis de produtividade, agregando valor ao produto e ampliando o leque de mercado. Além de ter uma terra, um lugar para construir suas casas, que eles possam ser verdadeiros agentes de transformação do setor rural de um modo geral, porque todos nós precisamos do trabalho de cada um desses agricultores”, defendeu o presidente.
O superintendente regional do Incra, Carlos Alberto da Costa, destaca que as ações da assistência técnica chegam para dar liberdade e esperança aos pequenos produtores que precisam de um direcionamento para se qualificarem e sanarem suas deficiências na hora de produzir. “Com o empenho desses técnicos capacitados, que compõem o quadro do Ruraltins, haverá um grande avanço nos projetos de assentamentos nos próximos meses. Os pequenos produtores são responsáveis pela maioria dos alimentos que chegam a nossa mesa e há condições de terem uma boa qualidade de vida, e nós gestores públicos não podemos impedir isso. O trabalho do Ruraltins certamente vai incentivar a organização e estruturação das cadeias produtivas dentro das propriedades, proporcionando o crescimento socioeconômico das famílias”, avaliou.
Atuação dos extensionistas
A atuação dos extensionistas rurais dentro dos projetos de assentamentos representa os lotes 10 e 11 da chamada pública do Incra, a qual o Ruraltins saiu vencedor. Além de participar da apresentação do plano de trabalho, os técnicos também foram a campo, com o objetivo de conhecer o modo de vida das famílias, bem como a organização enquanto unidade familiar. Durante as visitas, acompanhados dos agricultores, eles percorreram alguns trechos das propriedades e aplicaram um questionário que permitiu a coleta de informações sobre o uso da terra, sistema de produção, renda, consumo e aspectos sociais.
A produtora Edenice de Sousa Almeida, moradora há 16 anos do Projeto de Assentamento Jacubinha, situado no município de Natividade e uma das unidades visitadas, ressalta que os principais problemas enfrentados pelas famílias são a falta de conhecimento sobre as normas adequadas de produção e o apoio a comercialização. “A gente produz queijo, doce de leite, frango e não tem como comercializar pela ausência do selo de inspeção. O acompanhamento dos técnicos, mostrando a maneira correta de se produzir os alimentos, vai nos ajudar a colocar os produtos nas escolas, nos supermercados e feiras livres. Acredito que se a gente trabalhar direitinho, da para tirar o sustento da própria terra”, ponderou a agricultora.
Wesley Silva, médico veterinário do Ruraltins e um dos coordenadores da chamada pública, disse que as informações coletadas permitirão a elaboração do Projeto de Estruturação da Unidade Familiar dos assentamentos. "Torna-se muito importante essa organização para que eles evoluam enquanto produtores, para que haja uma transformação da sua realidade”, concluiu.
No próximo mês de janeiro acontecem oficinas de apresentação das propostas da assistência técnica e extensão rural nos projetos de assentamentos para mostrar, a cada uma das famílias, as metas e objetivos desse trabalho.
Público beneficiário
Os agricultores beneficiados, neste primeiro momento, são dos municípios de Natividade, Chapada da Natividade, Dianópolis, Santa Rosa, São Valério da Natividade, Taguatinga, Gurupi, Dueré, Figueirópolis, Peixe, Araguaçu e Talismã, totalizando 1.786 famílias atendidas.
De acordo com estudos levantados, os pequenos produtores vivem de cultivos de subsistência, milho, arroz, feijão e mandioca, criam pequenos animais e desenvolvem atividades na área da pecuária leiteira e de corte, com venda do excedente da produção.
Ao todo, o contrato de prestação de serviços da assistência técnica e extensão rural compreende sete lotes e vai atender 8.405 famílias assentadas da reforma agrária, com recursos aplicados na ordem de R$ 15,6 milhões.
