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Esportes

Foto: Marcus Mesquita

Chegar à seleção brasileira é um claro indício de que o atleta tem amplo domínio técnico e está, no mínimo, próximo ao ápice na carreira. Entretanto, até mesmo os muito habilidosos estão sujeitos a uma nova experimentação da sensação de serem novatos na modalidade na qual se consagraram. E quem viveu isto, recentemente, foi o ex-atleta Jorge Luiz Ribas da Silva, o Jorge Maravilha, de 63 anos, que participou de um dia de treino com a equipe Reviver de basquete em cadeira de rodas.

Pivô da seleção brasileira de basquete que conquistou a medalha de prata no Sul-Americano de 1976, disputado em Medelín, na Colômbia, Jorge, que se mudou para Palmas há quatro meses, também tem no currículo outras conquistas por clubes como Flamengo, Vasco, Fluminense e Volta Redonda. Enquanto de pé, conversando sobre o universo competitivo do basquete e demonstrando as técnicas de arremesso, passe e outras mais, o Maravilha foi impecável; entretanto, bastaram os primeiros movimentos na cadeira de rodas para ele notar que, ali, a história seria outra.

“Eu nunca havia sentado em uma cadeira de rodas antes e eu vou dizer: é muito, mas muito difícil. Nós temos de parabenizar a todos estes atletas, porque tem gente que acha que tem experiência no basquete convencional e vai chegar dando show; mas, na verdade, está longe de ser assim. Tem que ter muita concentração e coordenação para saber realizar os movimentos, proteger a bola, realizar o passe ou fazer o arremesso; é muita coisa ao mesmo tempo e todas exigem técnica. Realmente, eles são campeões em superação; sempre que puder, estarei ao lado deles”, afirmou o Jorge Maravilha que, no alto dos 2,04 metros que possui, era especialista em rebotes e tocos, os empolgantes bloqueios de ataques adversários.

Novo amigo

Para o treinador da equipe Reviver, Carlos Capel Júnior, a interação com Jorge Maravilha foi muito positiva. “Ele é uma pessoa maravilhosa; não à toa, ele carrega isto no apelido dele. Foi um encontro emocionante, que pôde acrescentar muito à equipe e a ele mesmo, que tem tudo o que se espera de um atleta do nível dele, que chegou à seleção, mostrando uma qualidade técnica ótima e o conhecimento das malícias das competições. Poder contar com este novo amigo tem grande valor para a nossa equipe”, destacou Capel.

Quem também se mostrou entusiasmado com a ilustre visita foi o paratleta George Silva, um dos mais experientes da equipe reviver e que ganhou do próprio Jorge uma medalha de agradecimento. “O Jorge foi muito atencioso e nos passou o máximo possível da experiência dele, com dicas sobre a posição da mão para o arremesso e coisas de jogo. Em nome de toda a equipe, eu deixo o nosso muito obrigado a ele pela aula que nos deu”, exaltou George.

Importância do esporte

Ao saber que, atualmente, não existem apoiadores financeiros ao projeto Reviver, que é uma entidade sem fins lucrativos que oferta todas as atividades de forma gratuita, Jorge Maravilha desabafou. “É triste saber disto. Eu acho que deveria ser obrigação dos governos [apoiar projetos assim]; deveria reunir os gestores para virem ver o quanto é importante este esporte na vida destas pessoas. Claro, não só o basquete, porque todo tipo de esporte tem este poder. Independente disto, a equipe tem que ser forte e nunca parar; mesmo que esteja muito difícil, ela deve seguir em frente porque o basquete nos proporciona muitas alegrias”, ressaltou o ex-atleta da seleção brasileira.