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Cultura

Artesã e microempreendedora, Durvalina Ribeiro de Souza

Artesã e microempreendedora, Durvalina Ribeiro de Souza Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Artesã e microempreendedora, Durvalina Ribeiro de Souza Artesã e microempreendedora, Durvalina Ribeiro de Souza

Ofício que demanda criatividade para transformar matérias-primas comuns em arte, além da criação, pelas mãos habilidosas, de peças únicas, o Dia do Artesão é comemorado neste domingo 19 de março. Desde 2015, a profissão está regulamentada por meio da Lei nº 13.180, valorizando o trabalho desenvolvido pelos artesãos e ressaltando a importância deste segmento para a economia e a cultura do País. Atualmente, são cerca de 10 milhões de brasileiros sobrevivendo do artesanato, segundo dados da Confederação Nacional dos Artesãos do Brasil.

No Tocantins existem 672 profissionais cadastrados no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB). São das mãos e da criatividade dos artesãos tocantinenses que as mais belas obras de arte ganham forma e despertam a atenção do país e do mundo. Esses artistas produzem artesanato dos mais diversos, utilizando matérias-primas que a natureza oferece: capim dourado, madeira, buriti, babaçu, argila, cristal, jatobá, palha de milho e fibra de coco, palha de bananeira, sementes, couro, ouro, resina, fibras vegetais e mais uma infinidade de materiais que reforçam a identidade das peças criadas no Estado. O artesãos indígenas do Tocantins também produzem peças incomparáveis, cada qual de acordo com a cultura do seu povo, reforçando suas culturas, suas tradições e identidades. Exemplo dessa singularidade são as bonecas Ritxòkò, produzidas pelas mulheres do povo Karajá, e declaradas Patrimônio Cultural Brasileiro, em 2012.

Para o artesão e músico instrumentista do grupo Tambores do Tocantins, Márcio Bello dos Santos, o artesanato faz parte da sua história, pois, além de garantir o seu sustento, proporcionou o aperfeiçoamento da sua capacidade artística, bem como das suas técnicas. Artesão desde menino, aos 12 anos de idade, Márcio Bello aprendeu o ofício por meio da tradição oral, ao desenvolver técnicas aprendidas com seu avô, sua família e amigos. "Trabalho com esculturas, gravuras, pirogravuras, sempre com materiais vindos da natureza, como madeira, pele animal, cerâmica, mas também realizo a produção de instrumentos artesanais, na sua maioria instrumentos típicos da cultura tocantinense, além de instrumentos africanos, que reforçam nossas raízes", explica o artesão que acabou aliando artesanato e música em seu trabalho.

Segundo a superintende de Desenvolvimento da Cultura, Noraney de Castro, desde 2016 a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura (Seden) está proporcionando a participação de artesãos tocantinenses em eventos nacionais para a exposição dos produtos regionais. "Já levamos dez artesãos para expor suas peças na 27ª Feira Nacional de Artesanato, que aconteceu ano passado em Belo Horizonte e agora, de 29 de março a 02 de abril, vamos levar oito artesãos para divulgarem seus produtos no 9º Salão de Artesanato de Brasília", ressalta. A superintendente também destaca que a data é de comemoração:"Temos um grande motivo para comemorar o Dia do Artesão, homenagear aqueles que trabalham, que criam e que transformam com as mãos, pois o nosso Estado tem uma variedade de peças típicas, desde o capim dourado até o artesanato indígena, que garantem a geracão de renda para muitas famílias". 

Os artesãos estão presentes nos quatro cantos do Estado, cada um com o seu artesanato característico. Tem bonecos feitos da casca do jatobá, na cidade de Ananás; tem as famosas peças em capim dourado, no Jalapão; o município de Cristalândia é conhecido pelos seus cristais lapidados em formatos singulares; têm ainda as centenárias filigranas em Natividade; e os trabalhos manuais em couro feitos em Monte do Carmo. 

A artesã e microempreendedora Durvalina Ribeiro de Souza, nascida no município de Mateiros, no Jalapão, sobrevive do artesanato de capim dourado há 29 anos, sempre mantendo a tradição da região de trançar o capim com a seda do buriti. "No início eu trançava apenas chapéus, bolsas e cestaria, mas com o passar do tempo, fui desenvolvendo minhas técnicas e criando produtos mais elaborados e diferenciados, como brincos, colares. A partir daí comecei a receber muitas encomendas e a participar de eventos regionais e nacionais para expor os meus produtos", diz Durvalina. Atualmente, a artesã vende suas peças na Feira do Bosque, em Palmas, e afirma que fazer artesanato em capim dourado é a sua vida: "Eu tenho muito orgulho, pois criei meu filho com a renda do meu trabalho como artesã e muito do que eu tenho hoje foi graças ao artesanato com capim dourado. É uma arte para mim, é a minha profissão, e quando eu sento para trabalhar, para trançar minhas peças, eu trabalho com amor".