De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), mais de 10 mil leitos de internação em pediatria clínica, aqueles destinados a crianças que precisam permanecer num hospital por mais de 24 horas – foram desativados na rede pública de saúde desde 2010. No fim daquele ano, o País dispunha de 48,3 mil deles para uso exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS). Em novembro do ano passado (último dado disponível), no entanto, o número baixou para 38,2 mil – uma queda de aproximadamente cinco leitos por dia. A SBP também identificou que 40% dos municípios brasileiros não possuem nenhum leito de internação na especialidade.
Das 5.570 cidades do Brasil, 2.169 não possuem nenhum leito. São Paulo foi o Estado que mais perdeu leitos de internação infantil entre 2010 e 2016. Neste intervalo de tempo, 1.109 leitos pediátricos foram desativados.
Segundo a SBP, no Brasil nascem 38 prematuros por hora, o equivalente a 912 por dia. O que significa dizer que cada uma dessas crianças muitas vezes não estarão completamente desenvolvidas e, por isso, precisarão permanecer em tratamento intensivo até que esteja forte o suficiente para ir para casa. Dados apurados pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) revelam, no entanto, faltam pelo menos 3.200 leitos intensivos neonatais em todo o Brasil.
Segundo a avaliação da SBP, é possível verificar ainda uma triste tendência: a mortalidade neonatal (número de óbitos de crianças com menos de 28 dias de idade) por mil nascidos vivos, é inversamente proporcional ao número de leitos disponíveis.
Tocantins
Matérias veiculadas em rede nacional mostram que o Tocantins tem muito a melhorar na área de pediatria. O Jornal Hoje, da TV Rede Globo, noticiou nesta segunda-feira, 27, que mais de mil crianças esperam por cirurgias pediátricas no Estado. Um dos casos relatados é o de João Vitor, de apenas 10 anos de idade, que precisa de uma cirurgia no sistema urinário e está na lista de espera há nove anos. “Se eu tivesse condições financeiras, eu já tinha feito. É um direito nosso ter a saúde e a gente não tem”, disse a mãe Maria Aparecida da Silva, à reportagem.
Segundo a reportagem, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesau) se comprometeu a operar 30 crianças por mês no Hospital Público de Araguaína, no norte do Estado, visando desafogar os hospitais da capital, que estão sobrecarregados, e gradativamente zerar a fila. Entretanto, os pacientes continuam sendo levados para Palmas, capital.
E pela falta de hospital para cirurgia cardíaca infantil, cinco bebês já morreram no Estado à espera de cirurgia no coração, desde agosto de 2016. O tratamento não existe no Tocantins e a demora para conseguir vaga em outros estados do País preocupa famílias. O caso foi noticiado pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, na edição do último dia 25.
Sesau/TO
Em nota enviada ao Conexão Tocantins, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que as equipes do Serviço de Regulação do Estado atuam diuturnamente na busca de vagas em centros pediátricos de cirurgia cardíaca de todo o País para que sejam feitas transferências necessárias ao atendimento de pacientes do Tocantins, uma vez que o Estado ainda não dispõe desse tipo de serviço especializado.
Segundo a pasta, o Tocantins não dispõe de profissional cardíaco pediátrico em seu quadro funcional e no Brasil há um déficit nacional de leitos em centros de referência para este tipo de cirurgia de alta complexidade, sobretudo pela carência de profissionais especialistas, o que torna esse um desafio nacional.
A Sesau informa ainda que o Governo do Estado vem empreendendo todos os esforços para conseguir implantar o Serviço de Cirurgia Cardíaca Neonatal e Pediátrica no Tocantins. Que em todo o País existem apenas 11 centros que fazem esse tipo de cirurgia, sendo que a maioria deles está localizada na região Sul do País.
A Secretaria de Saúde informou ainda que profissionais do Tocantins já estão em São Paulo passando por capacitação no Hospital do Coração (HCor). A capacitação é mais uma etapa do projeto do Governo do Estado, em parceria com o Ministério da Saúde, que visa acabar com as transferências de crianças para realização de cirurgias de coração em outros estados. "Até o mês de novembro, 30 multiprofissionais, entre fisioterapeutas, enfermeiros, intensivistas e cirurgiões passarão por capacitação no HCor para posterior início dos procedimentos no Tocantins". (Saiba mais)