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Estado

Foto: Divulgação

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Em audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira, 4, na Assembleia Legislativa do Tocantins, a pedido do deputado Stalin Bucar (PPS), mães criticaram a falta de apoio pelas autoridades competentes quanto aos casos de pessoas desaparecidas no Tocantins. Mãe de Sérgio Leonardo, criança sequestrada quando tinha um ano e oito meses de vida, em Porto Nacional/TO, a professora Zulmira Gonçalves sente na pele há 29 anos e cinco meses, a dor de não saber notícias de um filho. Zulmira diz que a sociedade precisa saber que o desaparecimento de pessoas e tráfico humano é suscetível a qualquer um. "E precisamos enfrentar. Qualquer um que está aqui sentado pode passar por essa dor. É uma dor, é um luto inacabado e que não gostaria que ninguém passasse", frisou. 

Zulmira disse que o tráfico humano em quatro modalidades - para adoção, retirada de órgãos, prostituição ou trabalho escravo -, varia por período. "E o período do qual sou vítima foi a década de 80 que a adoção ilegal era considerada como comércio bilionário", afirmou. A professora diz não perder as esperanças, mas lamenta o descaso da Justiça. "Sinto um luto inacabado por parte da Justiça, pelo descaso. O meu processo foi arquivado em 2007, lutei, estive na CPI de tráfico de pessoas, foi reaberto (em 2014), mas até agora está da mesma forma", lamentou. A mãe conclama medidas urgentes para que outras famílias não "abracem esta dor". 

Com documentos em mãos, a professora continuou criticando a falta de apoio da Justiça. "Foi reaberto em 2014 e até agora não foram nem me chamar para fazer um depoimento", critica. 

Zulmira pediu que a causa seja mais debatida e aprofundada, buscando a criação de uma delegacia especializada em desaparecimentos.

Caso Laura

Emocionada, Gilsandra Pereira de Oliveira, avó da pequena Laura Vitória Oliveira (9 anos de idade), criança desaparecida desde janeiro de 2016, desabafou: "Gente, me ajuda! Estou morrendo aos poucos por conta da minha filha. A Justiça do Tocantins é que não correu atrás. Depois de quatro dias foi que a polícia correu atrás, depois que a gente pediu as filmações lá do mercado". 

Laura saiu da casa da avó para ir a um mercado, no Setor Lago Sul, em Palmas, e nunca mais foi vista. Gilssandra diz que criava Laura como filha e, segundo ela, só deixou a criança ir só no mercado por necessidade. "Mandei minha filha ir naquele dia no mercado porque eu estava sozinha em casa. Meu pai é acamado e eu não tinha como sair e deixar ele que ele estava muito ruim nesse dia. A gente tem um minuto de bobeira e foi isso que aconteceu comigo. Me ajudem, pelo amor de Deus!", clamou. 

Caso Carla Caroline 

Glaides Rodrigues de Almeida é mãe de Carla Caroline de Almeida, adolescente desaparecida desde 2012 (com 14 anos de idade). Glaides informou que em janeiro de 2016 teve acesso a um vídeo em que mostrava 12 meninas em prostituição e, segundo a mãe, Carla Caroline estava entre elas. O vídeo foi entregue às autoridades e, segundo ela, não adiantou nada. "No vídeo tinha o Site do cara que postou o vídeo, o cara de Salvador e acharam até o serviço que ele trabalhava lá. Fiquei toda confiante: vou encontrar a minha filha! Tem um ano e alguns meses que eles não me dão respostas nenhuma. Não estou com minha filha perto de mim porque não tenho ajuda das autoridades", lamentou. 

"Não sabem a dor que eu e as outras mães sentem. Não sabem as dificuldades que a gente passa de ficar cinco anos sem ver seu filho. Não sei nem se eu tenho vida porque a dor é muito grande. Você criar um filho e os outros carregarem e você saber que está vivo e ninguém ajudar", desabafou Glaides. 

Caso Luiz Santana

Carlos Luiz Santana, do Taquari, está desaparecido há quatro anos. Na audiência de hoje, Dorismar Rodrigues, cunhada de Luiz, também criticou a falta de ação das autoridades. "A polícia só foi procurar depois de dois dias de desaparecido, não levou muito a conta", disse. Segundo ela, a esposa de Luiz Santana (34 anos, na época) tem esperança de encontrar o marido, mas a polícia não ajuda. "A polícia já arquivou o caso. Eles não nem tem informação nenhuma, ninguém sabe nada", lamentou. 

Centro Pastoral da Terra

O Centro Pastoral da Terra cobra informações sobre o desaparecimentos há 120 dias os agricultores de Xambioá - Moacir Junior Silva Franco (22 anos) e Ivan Silva de Oliveira (36 anos). "Eles saíram para pescar numa fazenda próxima onde já tinham costume de fazer isso e foi a última vez que foram vistos, numa moto preta. A Segurança Pública já informou que se encerrou o caso, a moto foi encontrada na fazenda, foram encontrados indícios de que estiveram na fazenda, toco de cigarro e a botina de um deles foi encontrada na fazenda e o caso foi encerrado mesmo com esses indícios de que desapareceram dentro dessa fazenda", disse a representante do Centro Pastoral, Maria Vanir.