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Cultura

Foto: Jully Santana

Com o objetivo de desenvolver atividades de artes educativas por meio do desenvolvimento de oficinas de dança de rua e técnicas corporais, está sendo realizado junto aos alunos da Escola Estadual Vale do Sol, em Taquaralto, o Projeto Cidadania e Arte, idealizado pela Diretoria de Proteção da Criança e do Adolescente da Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju). As aulas ocorrem uma vez por semana, nos turnos matutino e vespertino.

Na escola, o projeto faz parte do Programa Mais Educação do Mistério da Educação (Mec) e engloba aulas de reforço de português (50 alunos), matemática (50 alunos), teatro (42 alunos), caratê (45 alunos), jazz (47 alunos) e o Hip Hop (45 alunos). A escola possui ao todo 450 estudantes matriculados do 5º Ano do Ensino Fundamental ao 1º Ano do Ensino Médio.

Para Luciana Brasil Araújo, coordenadora de projetos da Vale do Sol, o programa “leva o aluno a despertar o interesse em si mesmo e a se valorizar como pessoa, entendendo que ele pode desenvolver sua capacidade física, intelectual e motora. Tem aluno que era tímido, que nunca se destacava em nada e depois que passou a participar do Hip Hop, do teatro e do caratê, agora possui facilidade pra se expressar. Os alunos que participam enxergam que são pessoas com plena capacidade de aprender. O programa está valorizando os estudantes tanto no ensino das matérias regulares, quanto na vida social de cada aluno. Melhora em tudo”, enfatizou Luciana.

Aluna do 8º Ano do Ensino Fundamental, Adriene Souza Silva, 15 anos, fala como se sente participando das aulas de Hip Hop.  “Muita gente que tem preconceito, mas é uma cultura muito bonita. Fico mais contente por desenvolver o meu próprio corpo. Amo dançar!”, disse contente a aluna.

Crisley dos Santos Xavier, 16 anos, aluno do 6º Ano na escola, já teve a oportunidade de jogar capoeira quando tinha 10 anos e agora participa das aulas de Hip Hop e caratê. “Estou gostando, pois os professores nos ensinam a ter disciplina e a respeitar as pessoas. Me sinto mais motivado para estudar. Pretendo continuar no projeto”, falou o adolescente.  

Professor Robson, integrante da Diretoria de Proteção da Criança e do Adolescente e desenvolvedor o projeto, na escola, diz que a criança e o jovem se identificam muito com a cultura do Hip Hop. “Então, nada melhor do que a gente aproveitá-la e mobilizar essas crianças para passar uma mensagem positiva, uma ideia de formação, de conscientização através da arte da dança de rua que é um dos segmentos do Hip Hop”, disse o professor explicando que a ideia veio a partir de uma conversa com a secretária Gleidy. “Eu falei pra ela da importância que tinha o Hip Hop dentro da comunidade e partir daí, fizemos um mapeamento dentro das comunidades da Capital.

“Eu gosto de dançar. Não era boa aluna em matemática e agora minhas notas melhoraram muito, disse Yasmin Gabriela Machado dos Santos, de 11 anos, estudante do 5° Ano.

Segundo professor Robson, o projeto também acontece no Escola Estadual Novo Horizonte, no Jardim Aureny IV, e na Associação dos Moradores da quadra 303 Norte como iniciativa da Associação de Dança Sombras do Hip Hop. “Sem o apoio da Cidadania e Justiça, eu ficaria impossibilitado de realizar essas atividades. A proposta do projeto também é formar um aluno da própria escola pra que ela possa dar continuidade ao projeto”.

“A base da alegria deles [alunos] é o Hip Hop. As crianças que são assistidas aqui são crianças carentes e que não têm quase lazer, nem a possibilidade de uma aula de dança e, no Hip Hop, eles encontram uma maneira de aprender a dançar e se expressar. O professor sempre tá ali trazendo para eles qual é na verdade o referencial do Hip Hop”, disse Luciana lembrando que muitas pessoas marginalizam a cultura e dizem ser coisa de mala, de malandro. “O Hip Hop é um movimento que chama a atenção dos menos favorecidos a si valorizarem como pessoa, como grupo, a estar bem. Tem uma aluna nossa que me disse: “tia, no Hip Hop eu me sinto livre, eu tenho liberdade de me expressar”, ressaltou a coordenadora Luciana.

De acordo com Luciana, o Mais Educação já está na escola há algum tempo e faz uma diferença muito grande com as aulas de reforço. “No início do ano foi feito um diagnóstico pra descobrir onde estava a carência dos alunos, onde eles estavam necessitando de uma apoio no aprendizado. Têm pais que saem de casa 5h e só retorna às 19h. Aqui dentro da escola eles estão recebendo o aprendizado necessário para o desenvolvimento deles e recebem uma proteção, porque estamos em uma comunidade, onde, a droga está disseminada, então esses projetos vêm agregar valor e proteger nossas crianças e nossos adolescentes contra o tráfico, as drogas, o roubo e a marginalidade”, destacou a coordenadora.

Hip Hop

Hip Hop é uma cultura popular que surgiu entre as comunidades afro-americanas do subúrbio de Nova York na década de 1970. A música é a principal manifestação artística do hip hop, que também tem na dança e no grafite forte representação. Dos Estados Unidos, a cultura hip hop se espalhou pelo mundo. No Brasil, a cidade de São Paulo é aquela com maior número de adeptos e com uma relevante produção artística e tem quatro elementos principais: o rap, o DJing, o breaking (praticado pelos b-boys e b-girls) e a arte do grafite. 

Mais Educação

O Programa Mais Educação, criado pela Portaria Interministerial nº 17/2007 e regulamentado pelo Decreto 7.083/10, constitui-se como estratégia do Ministério da Educação para indução da construção da agenda de educação integral nas redes estaduais e municipais de ensino que amplia a jornada escolar nas escolas públicas, para no mínimo 7 horas diárias, por meio de atividades optativas nos macrocampos: acompanhamento pedagógico; educação ambiental; esporte e lazer; direitos humanos em educação; cultura e artes; cultura digital; promoção da saúde; comunicação e uso de mídias; investigação no campo das ciências da natureza e educação econômica.

Segundo o Ministério, a implementação e fortalecimento do Mais Educação constitui-se como espaço de articulação das ações e experiências e de construção de planos de ação coletivos e é coordenado pela Secretaria de Educação Básica (Seb/Mec), em parceria com as Secretarias Estaduais e/ou Municipais de Educação. Sua operacionalização é feita por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).