Conexão Tocantins - O Brasil que se encontra aqui é visto pelo mundo
Opinião

Elpidio Ferreira Lopes é jornalista e servidor público

Elpidio Ferreira Lopes é jornalista e servidor público Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Elpidio Ferreira Lopes é jornalista e servidor público Elpidio Ferreira Lopes é jornalista e servidor público

O Parque dos Povos Indígenas inaugurado na primeira quinzena de agosto, em Palmas, Capital do Estado do Tocantins, por oportunidade da passagem do Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado no dia 9 de agosto, foi proposto como Legado dos Primeiros Jogos Mundiais Indígenas, realizados em 2015 em Palmas/TO.  O Parque, apesar de muito útil e conveniente para lazer e realização de caminhadas entre outras atividades físicas, a meu ver, vem oferecendo diversos problemas para seus usuários.

O local há tempos deveria ter recebido estrutura semelhante à que vem sendo implantada, em função de suas características propícias para lazer e atividades físicas. Também pela necessidade de humanização, devido ao espaço ter se transformado em ponto de consumo de drogas. Trata-se de um bosque localizado no centro de Palmas, na quadra ACNE 11, no mesmo local onde fica a denominada “Praça da Árvore”, lugar onde o ex-governador Siqueira Campos deu os primeiros passos para a construção da Capital.

Um lugar que mesmo recebendo uma considerável infraestrutura, a mesma poderia estar melhor, se as autoridades municipais tivessem esperado o término da obra para depois entregá-la à população. Digo isso, pois apesar da crítica à “velha política”, muito ouvida nos últimos tempos na capital, a primeira etapa da obra foi inaugurada antes de sua conclusão, postura rotineira de alguns gestores, mas repudiada pelo povo nos últimos tempos.

Essa fase das obras do parque, segundo a administração de Palmas, é a primeira de um total de oito etapas, a serem construídas às margens dos córregos Sussuapara e Brejo Comprido, numa extensão de 17 quilômetros até o lago da Hidrelétrica de Lajeado.

Relato a seguir problemas que entendo serem prejudiciais aos visitantes do local. Mesmo sendo um lugar arborizado, à margem de um manancial, que contribui para amenizar o clima quente da Capital, o investimento ali empregado poderia ser mais bem utilizado se desde o início houvesse melhor zelo por parte do município para com aquele bem público.

Algumas situações, devido à continuidade da obra, fazem com que os frequentadores do espaço, que não são poucos, convivam com um ambiente empoeirado e com pista de caminhada sem continuidade. Vejo também como negativa a falta de funcionários para organizar o uso dos espaços coletivos, a exemplo das pistas de caminhadas, de ciclismo e de patins.

São diversas pessoas andando de bicicleta, patins, skate, disputando o espaço com os pedestres, de modo desorganizado, o que aumenta a chance de acidentes. O cuidado da gestão municipal evitaria inclusive que usuários mais desastrados danificassem equipamentos e pontos do empreendimento.

No local, é comum a presença de pessoas passeando com cachorros, de pequeno e grande porte. Além do medo por si só, que esses animais causam, vejo risco de ataques, principalmente às crianças, que muitas vezes estão soltas nos espaços. Além disso, os cães fazem suas necessidades fisiológicas na localidade, principalmente nos pontos com areia, gerando risco de doenças aos desportistas e às crianças que brincam no local. 

O cocar indígena construído no Parque está se deteriorando devido ao uso inadequado por parte de crianças e de adolescentes, que escalam o mesmo para tirar fotos e se divertirem. Outra situação, tão ou mais preocupante, é a ausência de guardas para evitar possíveis ações de criminosos, prevenindo ataques às pessoas que usam a pista de caminhada, pois a maior parte dela fica dentro e ao lado do mato que margeia o igarapé.

Falo também do desleixo com os banheiros públicos, pois mesmo tendo uma boa estrutura, as portas dos sanitários não têm chaves, nem cestos de lixo e papel higiênico para uso comum; um descaso! Algumas pessoas alegam que as árvores, que foram plantadas nos locais ainda vagos, são de espécies que irão oferecer pouca sombra. Outro ponto negativo é o plantio de grama num período de seca, com irrigação que demonstra, em alguns pontos, ser insuficiente para o crescimento e a sobrevivência da mesma.

A estrutura de concreto, mesmo sendo tão recente, já possui pontos danificados, muitas vezes pela ação dos trabalhadores que constroem o parque. Antes mesmo da inauguração da obra, parte das peças de concreto da antiga Praça da Árvore já estavam soltas, o que provoca tropeços e dificuldade para os caminhantes. Alguns aparelhos da academia são desproporcionais para a maioria dos usuários; por exemplo, a cadeira bike dupla é exageradamente grande e o multi exercitador conjugado muito pequeno, ambos impedindo que diversas pessoas os utilizem.

Mais uma prática, que avalio como “velha política”, é o fato de só depois da inauguração a Prefeitura ter iniciado o serviço de substituição e de adequação da ponte sobre o córrego Sussuapara, na Avenida NS-04, obra fundamental para facilitar o acesso ao Parque. Considero haver excesso de ações desconexas praticadas em uma obra só.

Para finalizar minhas observações, indago a gestão municipal da capital, qual a origem e o montante do recurso investido na obra? Falta uma placa no local indicando a fonte e o valor do investimento. Realizei pesquisa, mesmo que não muito profunda, no Portal da Transparência da Prefeitura, mas não consegui identificar informações referentes à construção do referido parque. Espero que minha alerta sirva para que a Prefeitura tome os cuidados necessários para oferecer melhores serviços e evitar que depois se chore o “leite derramado”.

*Elpidio Ferreira Lopes é jornalista e servidor público