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Pacientes na triagem no HGP, na última terça-feira, 24

Pacientes na triagem no HGP, na última terça-feira, 24 Foto: Nusa/DPE-TO

Foto: Nusa/DPE-TO Pacientes na triagem no HGP, na última terça-feira, 24 Pacientes na triagem no HGP, na última terça-feira, 24

A Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) realizou no Hospital Geral de Palmas (HGP) na última terça-feira, 24, uma vistoria para verificar a existência de possíveis irregularidades. Na vistoria, segundo a DPE, pacientes foram encontrados em outro espaço tão improvisado quanto o corredor, como é o caso das pessoas que estão, há dias, na sala de triagem. Essa situação, que para a Defensoria é qualificada como desumanização no atendimento, foi informada à Polícia Civil com o pedido de investigação.

A vistoria realizada pelo Núcleo Especializado em Defesa da Saúde (Nusa) da DPE-TO revelou que a sala de triagem está sendo utilizado como sala de internação, embora sem macas para todos e sem espaço para o atendimento adequado. Homens e mulheres de diferentes idades e situações de saúde dividem a mesma sala.

Demora no Atendimento

Na triagem a equipe do Nusa encontrou um idoso com mais de 70 anos, relatando estar com dores. Segundo a equipe, o paciente aguardava desde a última segunda-feira, 23, ser submetido a um procedimento de hidrocefalia. Ainda de acordo com a equipe do Nusa o paciente estava em uma cadeira de fio, e ao se levantar, sentiu dificuldades para andar sozinho, possivelmente pelo tempo que estava sentado.

A Defensoria identificou que na sala da triagem, onde os pacientes deveriam ficar por até duas horas, a espera é bem mais longa que isso: dura até quatro dias. O coordenador do Nusa, o defensor público Arthur Luiz Pádua Marques encaminhou a Policia Civil um pedido de apuração da conduta omissiva. Para o defensor, o cenário encontrado é de desumanização do atendimento, o que afeta ainda mais os problemas do maior hospital do Tocantins.

De acordo com a DPE, um paciente está com tumor cerebral, mas conforme o relatório da vistoria, ele ainda não passou por cirurgia por falta de materiais e equipamentos. Outro paciente identificado pela DPE-TO nessa terça-feira, 24, durante a vistoria, teve a cirurgia remarcada também por falta de materiais.

Fora da vistoria, na sede da Instituição, a Defensoria também foi informada, por familiares, que um paciente morreu, na segunda-feira, 23, por choque séptico (presença de bactérias na corrente sanguínea). A esposa dele, em relato à DPE-TO, reclamou que houve falta de cuidados com a higiene do paciente, o que ela acredita que pode ter agravado o quadro de saúde. Segundo informações, ele era cardíaco, diagnosticado com Síndrome de Fournier (uma infecção bacteriana que provoca a destruição das células) e, devido ao longo tempo de internação, desenvolveu escaras que necrosaram a pele das costas.

Cirurgias

No centro cirúrgico, a vistoria identificou uma série de situações que o Nusa qualifica como omissas, a exemplo da falta de drill e craniótromo (equipamentos que auxiliam na precisão de cortes e perfurações no crânio e coluna), ausência de imagens de raio-X e leitos para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

Conforme o relatório, cirurgias atrasam por falta de informação do setor de regulação se haverá leito de UTI para o paciente. Na vistoria, foram identificados, ainda, casos em que a equipe médica está no Hospital para a realização de uma cirurgia, mas fica à espera das informações do referido Setor.

Segundo a Defensoria, além das neurocirurgias, os procedimentos cirúrgicos ortopédicos também estão suspensos por falta de materiais e equipamentos, a exemplo do artroscópio (instrumento ótico para cirurgias monitoras e auxiliadas por um monitor em vídeo).

Fluxo de Atendimento

No Hospital, de acordo com a DPE, a informação é que os problemas relacionados a materiais para cirurgias e serviços de manutenção de equipamentos são causados pela falta de pagamento de fornecedores.

Segundo informação do DPE, dados de junho deste ano apontam para 123 pessoas esperando por neurocirurgias no Tocantins. Conforme o termo da audiência realizada na Justiça em 27 de abril deste ano, cerca de cinco mil pacientes estão na fila de espera por cirurgias eletivas, em diferentes especialidades.