O ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), foi alvo de duras críticas na tribuna da Câmara Municipal de Vereadores de Palmas nesta terça-feira, 30. Os comentários mais ácidos partiram do vereador Milton Néris (PP) que chegou a chamar o ex-prefeito de bandido.
Néris subiu à tribuna para comentar a recomendação do Ministério Público Estadual (MPE) à Prefeitura de Palmas para que anulasse a doação de um terreno na capital ao Sindicato de Carnes do Tocantins (Sindicarnes), o que foi prontamente atendido pela atual gestora municipal Cinthia Ribeiro (PSDB). O vereador disse que a doação foi imoral, atentou contra os interesses do povo de Palmas e que contou com a anuência do Parlamento. Segundo ele, a doação foi feita por Carlos Amastha como favor político para que o presidente do Sindicarnes, Oswaldo Stival, pudesse entrar como candidato a vice-governador na chapa de Amastha que concorreu ao Governo do Estado e, com isto, financiar parte da campanha. “Isso aqui já tava acertado. Isso aqui, com certeza, era dinheiro do sindicato ou do dono do sindicato para irrigar a campanha política dele”, acusou Milton Néris que ainda completou, “pro senhor Stival ficar mais milionário que ele é, de se enricar em cima do povo de Palmas e a Câmara sendo conivente com isso”.
O parlamentar criticou ainda outras polêmicas envolvendo o governo de Carlos Amastha, como as supostas irregularidades na gestão do Previpalmas. “Foram lá no Previpalmas e meteram a mão em R$ 58 milhões dos servidores”. O vereador também criticou a contratação de obras e serviços por altos valores que oneraram o município durante a gestão de Amastha. “Som, palco e tenda, R$ 56 milhões em 5 anos”, citou ele.
Em um momento mais exaltado do discurso, Néris bradou, “Bandido, é bandido”, “Tem dois caminhos pra ir, pra Colômbia ou pro xadrez. Eu acredito que a Colômbia coloque as mãos nele primeiro que o xadrez”.
O vereador Rogério Freitas (MDB), acompanhou o colega que o precedeu e disse que, além do terreno do Sindicarnes, outras áreas também foram doadas “para fazer política”. Freitas aproveitou para criticar o ex-prefeito também no caso dos ex-procuradores do município que perderam os cargos. “Ex-prefeito perseguiu os procuradores do município, extinguindo os cargos deles, não voltando os anexos que davam posse aos recém aprovados no concurso público, desta forma tirando a condição dos que estavam ocupando o cargo”, “o Executivo não vota nada, quem vota é o parlamento. Se houve erro na doação para o sindicato de carnes foi erro da Câmara Municipal. Se houve erro e perseguição política contra os ex-vereadores foi da Câmara Municipal”, completou.
Defesa
Já os vereadores Tiago Andrino (PSB) e Laudecy Coimbra (SD) sairam em defesa da ex-gestão municipal. Andrino lembrou que, antes da doação do terreno, o Sindicarnes esteve na Câmara e conversou com os vereadores. A proposta, segundo ele, era de se construir no terreno doado um laboratório de melhoramento genético.“Esteve aqui presente a diretoria da Fieto na época e vários membros do Sindicarnes. É uma entidade sem fins lucrativos e eles vieram com um projeto que já tinha arrecadado milhões de reais junto ao Sistema ‘S’ para fazer uma laboratório de melhoramento genético no Tocantins. Era isso, não tem interesse privado”, destacou.
A vereadora Laudecy, por sua vez, ficou ofendida com as acusações de Néris de que o projeto tivesse sido um golpe contra o povo de Palmas que contou com cumplicidade do parlamento. “Eu votei a favor e não votei cegamente não, eu li o que estava votando. Eu nem conhecia Oswaldo Stival, eu votei sabendo que era pra uma área onde seria construída um laboratório”. Argumentou.
No dia 15 de outubro a Procuradoria Geral do Município de Palmas, em resposta ao Conexão Tocantins, informou que a Prefeitura se exime de efetivar qualquer doação de área pública que não seja legal. ““Procuradoria Geral do Município respondeu, tempestivamente, ao Ministério Público Estadual (MPE), comunicando o acolhimento da Recomendação que anula o Contrato Administrativo de Concessão de Direito Real de Uso nº 13/2010, bem como se eximindo de efetivar qualquer doação de área pública que não esteja em conformidade com a Lei Complementar Municipal nº 399, de 12 de março de 2018”, informa a Prefeitura de Palmas em nota.
Amastha
Alvo das críticas e acusações durante a sessão ordinária da manhã desta terça, Carlos Amastha era um dos convocados a prestar depoimento na CPI do Previpalmas que acontece na tarde de hoje. Entretanto, o depoimento do ex-prefeito e de outras 3 pessoas ligadas ao instituto em sua gestão, foi adiado para a semana que vem.
A assessoria de comunicação do vereador Júnior Geo (PROS) informou que o depoimento de Amastha será colhido no dia 6 de novembro. Caso o ex-gestor também não possa comparecer nesta data, uma reunião extraordinária poderá ser marcada para ouvi-lo.