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Estado

Delegado investigava caso de crime ambiental praticado por pai de deputado líder do governo (foto: Luiz Ernandes)

Acontece logo mais às 9h30 desta segunda-feira, 19, uma reunião no Sindicato dos Delegados de Polícia Civil (Sindepol) com a diretoria da entidade e a cúpula da segurança pública do Estado. O objetivo da reunião é discutir as exonerações dos 12 delegados regionais que foram publicadas no Diário Oficial do Estado (DOE) da última sexta-feira, 16, entre elas do ex-delegado regional de Araguaína, Bruno Boaventura.

Boaventura era o responsável pelas investigações do caso do lixo hospitalar encontrado armazenado de maneira irregular em um galpão em Araguaína. O galpão pertence ao ex-juiz eleitoral João Olinto, que é pai do deputado estadual Olyntho Neto (PSDB), líder do governo na Assembleia Legislativa. Além deste caso, Bruno Boaventura também foi o responsável pela prisão do irmão do deputado, o empresário Luiz Olyntho, flagrado com R$ 500 mil em outubro, durante a campanha eleitoral.

Com a exoneração do cargo de delegado regional, as investigações destes e outros casos saem das mãos de Boaventura. Para o Sindepol, a atitude do governo foi um ato de perseguição política. “Apesar de não estarem publicadas as razões do ato, sabemos que certamente não teriam ligação com os excelentes serviços prestados no cargo ou com o alto grau de satisfação da população de Araguaína com os resultados obtidos.
Assim, só nos resta deduzir que se trata de um ato de perseguição política face às investigações que vem sendo desencadeadas e isso não iremos permitir. Apesar de não estarem publicadas as razões do ato, sabemos que certamente não teriam ligação com os excelentes serviços prestados no cargo ou com o alto grau de satisfação da população de Araguaína com os resultados obtidos. Assim, só nos resta deduzir que se trata de um ato de perseguição política face às investigações que vem sendo desencadeadas e isso não iremos permitir”, disse o presidente da entidade, Mozart Felix, em nota enviada à imprensa.

Boaventura também acredita que sua exoneração tenha sido um ato de perseguição em decorrência de sua atuação na investigação de casos envolvendo aliados políticos do governador Mauro Carlesse (PHS). “Em toda exoneração o governo coloca considerações e não teve nada disso. Esse ato é contra a polícia civil por conta das investigações”, disse o delegado que também revelou que já vinha sofrendo assédio moral há tempos por conta de sua atuação. “Me falaram várias vezes que este deputado já havia pedido minha cabeça para o governo e eles estavam tentando me tirar. Fizeram até dossiês contra mim”, revelou.

No sábado, 17, o governo emitiu uma nota justificando que a exoneração dos delegados regionais teria sido uma medida para conter custos e que as investigações em curso permaneceriam em curso e sem alterações.

Para Boaventura a justificativa é inválida, já que, segundo ele, um delegado regional ganha uma gratificação irrisória pelo cargo. “Eu ganho R$ 800 pelo cargo de delegado regional. Com os 12 exonerados o Estado economizaria uns R$ 12 mil”, disse.

Delegacia Regional

Com a saída de Bruno Boaventura do cargo, a regional de Araguaína fica sem chefia para responder pelos serviços administrativos. O governo informou que, por enquanto, ninguém será nomeado para o cargo. “Eu devo ir pra minha lotação que é a delegacia de plantão, atendendo ocorrências do dia-a-dia”, disse Boaventura.