Há quem diga que existem anjos na Terra que surgem em diversos momentos para nos ajudar na caminhada. Para a dona de casa Maria das Mercês Ferreira Lima e a aposentada Expedita Torquato Oliveira, ambas moradoras do Jardim Aureny III, existe um anjo com nome e sobrenome: Doraci de Oliveira Pinheiro da Cruz, que atua como agente comunitária saúde no Centro de Saúde da Comunidade Laurides Milhomem.
Dora, como é conhecida por todos, tem um sorriso fácil, uma alegria que contagia, muita disposição em ajudar e orgulho da sua profissão: agente Comunitário de Saúde, também denominada como cartão de visitas dos serviços públicos.
Quando ainda atuava no CSC Liberdade, Doraci foi a primeira agente de Saúde de Maria Mercês, mas com a abertura de novas unidades no setor foi transferida para o CSC Laurides. Entretanto, a amizade entre as duas permanece. “A Dora é ótima, ela foi muito boa agente de Saúde para mim. Me ajudou muito, inclusive meu menino mais velho gosta demais dela e os outros também. Só que os outros conviveram menos com ela. Mas todos gostam muito dela. Se ela voltar pra nós de novo, a gente vai amar”, declara Mercês acompanhada da neta Laura Vitória de 3 anos.
Atualmente, Dora tem outros usuários do Sistema Único de Saúde da Capital sob sua responsabilidade. Entre eles está a aposentada Expedita Torquato que têm vários problemas de saúde, inclusive depressão. Prestes a receber alta do tratamento contra hanseníase, a aposentada se viu sozinha, sem ninguém e por diversas vezes pensou em tirar a própria vida.
“Primeiramente Deus, depois foi Doraci na minha vida. Eu estava só, dentro desse apartamento, não tinha uma pessoa para conversar, todos se afastaram com medo de pegar o problema (hanseníase) e não pega. Eu passava todo dia chorando e agoniando a Dora, sem deixar ela dormir. Eu tava morrendo em cima dessa cama, eu passei seis meses assim, toda comida do mundo eu abusei. Ficava inchada, chorava, eu queria morrer. Um dia eu disse: Dora eu estou com um horror de comprimido aqui, estou escolhendo qual o que mata. E ela me disse: tu não está doida não. Ela passou a noite todinha me procurando para saber seu tinha tomado o remédio”, conta rindo, lembrando as conversas por whatsapp e reconhecendo que o apoio de Dora foi fundamental durante esse processo.
“Eu tinha medo de chegar aqui e encontrar ela morta. Mas agora ela está bem. Tem horas assim que ela fica para baixo e ela me fala e eu aconselho. Eu jamais vou chegar e falar algo para deixar mais para baixo, a gente tem que levantar a autoestima da pessoa”, ressalta Doraci.
“Mãe ela não pode ser, porque não tem idade para ter uma filha de 61 anos, mas ela é minha irmã, minha amiga”, complementa Expedita.
Dora tem 50 anos, há 25 atua como agente de Saúde, ama o que faz e pensa em se aposentar na mesma função. “Eu entrei no serviço público como agente de saúde em 1994. Eu agradeço muito a Deus por ter me dado esse serviço e pela família que tenho. Eu estou aqui e defendo a camisa que eu visto. E se eu não gostasse teria procurado outras promoções e quero me aposentar como agente de saúde”, ressalta, Dora que enxerga outras atribuições no dia a dia da sua profissão. “O agente de saúde não é só agente. Ele se torna psicólogo, serviço social, ele se torna amigo, família. Porque parente não é só o de sangue, é a consideração também e eu tenho muita consideração com a minha comunidade, o que eu puder fazer eu faço”, conclui. (Secom Palmas)