No último mês de maio a greve nacional dos caminhoneiros que parou o Brasil em 2018 completou um ano, o que fez surgirem várias especulações de que um novo movimento de paralisação pudesse ser deflagrado pela categoria que permanece insatisfeita com o preço do frete e a política de preço dos combustíveis.
No último dia 4, em reunião com entidades que representam trabalhadores do setor de transportes – não apenas caminhoneiros, mas também aeroviários, aeroportuários, portuários, motoristas e cobradores rodoviários, além de metroviários e ferroviários – a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) anunciou, com ressalvas, que os caminhoneiros participarão da paralisação nacional do dia 14 de junho contra a Reforma da Previdência, pela retomada do crescimento econômico brasileiro com geração de empregos e renda e contra os cortes na educação.
O presidente da confederação, Paulo João Eustásia, lembrou no entanto que os caminhoneiros têm pauta específica de manifestação e que, assim como aconteceu em 2018, as greves desta categoria começam em pontos isolados e vão ganhando força em todo o País.
O Conexão Tocantins conversou nesta sexta-feira, 7, com o presidente do sindicato dos caminhoneiros no Tocantins, José Aparecido do Nascimento, a respeito dos rumores de possibilidade de uma nova greve. Confira abaixo.
CT - Diante das especulações de uma nova greve dos caminhoneiros nos próximos dias, como estão as articulações no Tocantins?
JAN- O sindicato não faz greve, quem faz greve é a categoria. Caso a categoria decida parar nossa função é apoiar, mas nós não estamos estimulando greve por entender que a paralisação é uma medida extrema e que acaba prejudicando a sociedade como um todo, porque se para o transporte de cargas e mercadorias, tudo para junto.
CT- O que dizem os grupos de Whatsapp de motoristas a nível nacional? Há rumores de paralisação mesmo que isoladas?
JAN - Alguns poucos motoristas em grupos de Whatsapp se manifestam favoráveis à greve e dizem que é preciso fazer, mas, como disse, a entidade [sindicato] não tem incentivado isso e a orientação é esperar para ver o governo vai atender nossas demandas.
CT - Quais são as demandas que esperam ser atendidas?
JAN - Esperamos o cumprimento da tabela de frete estipulada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e também a fiscalização do cumprimento da Lei da Estadia, que determina que, caso o motorista não consiga descarregar seu veículo em até 5 horas, a empresa de transporte fica obrigada a pagar estadia para o profissional.
CT - O sindicato está de acordo com a tabela de da ANTT com reajuste de 4,13% publicada em abril? Ela está sendo cumprida?
JAN - É isso que estamos cobrando. Algumas empresas são sérias e cumprem o que é determinado, outras não. Estamos cobrando do governo essa fiscalização, porque a maioria dos casos tentamos resolver administrativamente, ligando para as empresas, conversando e procurando resolver. Mas é preciso uma fiscalização nesse sentido.
No mês de maio o sindicato dos caminhoneiros do Tocantins recebeu da ouvidoria da ANTT uma resposta a uma queixa enviada pelo sindicato ao órgão. Na mensagem a agência reguladora prometeu que incluiria na programação de fiscalização do mês de maio uma operação de fiscalização do transporte de cargas, pagamento eletrônico de frete e tabela de frete nas rodovias federais do Tocantins, Pará e Maranhão.
“Uma greve foge do nosso controle, o que estou vendo até agora nos grupos é que todo mundo está com pé atrás, a maioria não quer, porque se a situação de crise está ruim, a tendência é de piorar com uma greve”, concluiu o presidente. (Com informações do Brasil de Fato)
Resposta da ANTT enviada ao sindicato da categoria no Tocantins