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Cultura

Foto: Flaviana OX

Foto: Flaviana OX

Contos, poesias e cantos que instigam à reflexão sobre a vinda dos povos africanos para o Brasil compõem o enredo do espetáculo de dança “Tumbeiros”, que estreia na quarta-feira, 27, e segue em cartaz até sábado, 29, no Teatro Sesc Palmas. As sessões serão sempre às 20 horas, com uma sessão extra, às 17 horas do dia 29.

O espetáculo é apresentado pelo coletivo Agulha Cenas e o roteiro é formatado a partir de um contexto histórico que traz a dureza de um período cruel, avassalador e, ao mesmo tempo, marca um processo de resistência à invisibilidade e ao desprezo facultado aos negros escravizados no Brasil.

A dramaturga de Tumbeiros é de origem quilombola, da Comunidade Kalunga do Mimoso-Albino, localizada entre os municípios de Arraias e Paranã. “Um grito de dor ainda tão presente nos corpos afrodescendentes que ainda lutam uma guerra tão desleal que é a de afirmar o seu lugar no mundo”, descreve Fátima Salvador sobre “Tumbeiros”.

Diretora artística do Agulha Cenas, a bailarina Renata Oliveira complementa que o espetáculo conta a história de um negro chamado Fortunato que foi escravizado e estava desaparecido no período de escravidão e também sobre a existência do navio negreiro Tumbeiros, uma grande tumba que transportava os povos africanos para serem escravizados no Brasil, entre os séculos XVI e XVIII.

Música

"Mandei, mandei, mandei voltar/ O mar que não obedecia/ levava os parentes lá.” Tumbeiros conta também com cantos que expressam a luta e história dos escravos no Brasil. Os cantos nasceram da reflexão sobre o trabalho e a opressão sofrida por estes povos, buscando um intermédio com sons e batuques de tribos africanas. Os cantos são interpretados pelos próprios bailarinos, sob a direção musical do músico e maestro Heitor Oliveira.

Os ingressos antecipados já estão à venda na loja da Fundação Cultural de Palmas (FCP), no Capim Dourado Shopping. As sessões serão sempre às 20 horas, com uma sessão extra, às 17 horas do dia 29.

Projeto

O projeto “Montagem: espetáculo Tumbeiros” foi contemplado pelo edital de patrocínios do Banco da Amazônia para o ano de 2019. O projeto já se encontra em execução, com ações artísticas e de contrapartida social, com a oferta de oficinas abertas de corpo, movimento e musicalidade. O Coletivo oferece ainda oficinas gratuitas para os participantes, viabilizadas em parceria com a Universidade Federal do Tocantins.

De acordo com a diretora artística do espetáculo, a bailarina Renata Oliveira, o projeto visa promover o aperfeiçoamento profissional no setor das artes cênicas e as atividades artísticas com linguagens inovadoras e novas expressões que dialoguem com a cena contemporânea na região da Amazônia Legal, viabilizando um produto cultural com temática relevante que poderá manter-se em circulação nos anos seguintes. 

Agulha Cenas

Agulha Cenas foi idealizado pela bailarina Renata Oliveira e pelo músico Heitor Oliveira. Inicia suas atividades em 2016, estabelecendo parcerias com profissionais e coletivos para crescimento mútuo e concretização de projetos específicos. Está sediado em Palmas, capital do estado brasileiro de Tocantins. O primeiro espetáculo de Agulha Cenas, No Ciclo Eterno das Mudáveis Coisas, inspirado em textos de Fernando Pessoa e com direção de Juliano Casimiro, estreia em novembro de 2016. O segundo trabalho, Horas Breves, com direção do Sleepwalk Collective estreia em março de 2018. A terceira montagem de Agulha Cenas, Tumbeiros, estreia em junho 2019.