Um idoso está deitado em uma maca e um pacote de fraldas é usado por ele como apoio para a cabeça; esse e outros 18 pacientes – muitos com mais de 60 anos – deveriam estar em leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ou de Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) devido à situação de saúde que se encontram, porém, estão em uma sala de emergência denominada “Sala Vermelha”, em meio à superlotação. Esse foi o cenário encontrado pelo Núcleo de Defesa dos Direitos da Saúde (Nusa), da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO), em vistoria realizada no Hospital Geral de Palmas (HGP).
A situação do paciente apoiando a cabeça em um pacote de fraldas é desoladora, mas há outros casos ainda mais graves, como o do paciente diagnosticado com tumor cerebral. A vistoria foi realizada na quinta-feira, 10. Nesta quarta-feira, 16, o Nusa foi informado que o paciente faleceu.
Ainda na Sala Vermelha, foi detectado um idoso que sofreu fratura no crânio, passou por cirurgia para a drenagem do hematoma e deveria estar na UTI, que não tem leitos disponíveis.
“Segundo os profissionais presentes no local, a situação do setor está insustentável”, consta no Relatório da vistoria realizada pelo coordenador Nusa, defensor público Arthur Luiz de Pádua Marques. “(...) devido a esse quadro caótico não há resolutividade dos pacientes ali internados, (...).
Na UTI
Na quinta-feira, 10, a informação no HGP é que a falta de insumos estava impedindo a realização da cirurgia cardíaca de urgência de um paciente de Barrolândia, município localizado a 105 km de Palmas, que aguardava o procedimento desde o último dia 6. Na UTI, ele esperou pelo procedimento sob risco de morte, mas não sobreviveu à espera. “Ele estava lúcido, acordado, mas faltava material”, disse o Defensor Público, que esteve com o paciente.
No momento da vistoria, foi informado que a falta de anti-hipertensivo oral está retardando o processo de alta dos pacientes internados na UTI, impedindo, com isso, que outros pacientes possam acessar os leitos da Unidade de Tratamento Intensivo.
Foi relatada a falta dos medicamentos Enalapril (utilizado no tratamento da hipertensão e em casos de insuficiência cardíaca) e Sinvastatina (indicado para pacientes sob alto risco de doença coronariana ou já diagnosticado com a doença), assim como a falta de materiais, a exemplo de cateter nasal tipo óculos.
Também foi constatada a ausência de medicamentos anti-hipertensivos como Hidralazina EV/VO e Hidroclorotiazida, máscaras de nebulização, cateter para hemodiálise, cadeiras de rodas, macas e principalmente, aspiradores de parede, tendo apenas um aspirador para todos os pacientes.
Fila na Neurocirugia
A Defensoria Pública foi informada que 35 pacientes estão na fila de neurocirurgia, sendo extremamente necessário o aumento de mais uma sala cirúrgica para que o trabalho seja realizado com mais eficácia, o que consequentemente, diminuiria o fluxo na espera.
Falta de Pessoal
Conforme o Relatório, a diretoria do HGP informou que, para suprir parcialmente as inconformidades constatadas, faltam em torno de 200 técnicos de enfermagem, 80 enfermeiros, cinco funcionários para o almoxarifado e cerca de 80 funcionários para a limpeza. (Ascom DPE-TO)