De acordo com o delegado responsável pela operação Praetorium Minati, Eduardo de Menezes, no dia 16 de janeiro de 2018, foi redigida uma carta escrita à mão, que teria sido, segundo o seu autor, transcrita (passado a limpo) conforme o próprio autor, dois dias depois. O documento foi encontrado no Pavilhão B da Casa de Prisão Provisória de Palmas em 18 de janeiro daquele ano. “O conteúdo do texto ora profere citações bíblicas com teor distorcido, ora ressalta que o autor precisa sair da unidade prisional a fim de que faça, segundo suas palavras, uma ‘união’ entre as facções”, explica o delegado.
O delegado relata que no texto manuscrito há uma ameaça a um magistrado da Capital. “Chamou a atenção uma ameaça clara a um dos magistrados. Isso está visível no texto, como também em alguns diálogos decorrentes de gravações autorizadas pela Justiça. Em um dos trechos do bilhete, o autor escreve que, caso seja mantido enclausurado, o magistrado ‘queimaria no fogo do inferno’”, afirmou o delegado.
Ainda segundo o delegado, em outro escrito apreendido, a morte de um Juiz de Direito também surge como um objetivo da facção. “No ponto, destaco que o criminoso responsável pela confecção do bilhete deixa claro aos seus destinatários que um adolescente de outro Estado da Federação seria recrutado para execução do ‘serviço’”, explica o Delegado ao ressaltar que no bilhete fica expressa a intenção de que a morte do magistrado traria respeito à organização criminosa.
O delegado Eduardo Menezes informa que o bilhete sobre o possível ataque ao magistrado, de teor de enfrentamento ainda mais aguçado, foi detectado a partir do encontro de diversas anotações também em uma das celas do Pavilhão B da Casa de Prisão Provisória de Palmas, “fruto do trabalho cotidiano dos agentes penitenciários, consistente em incursões nas áreas de custódia dos reeducandos”, ressaltou.
Organização
Para o delegado, todas as 29 pessoas com mandados de prisão preventiva estão interligadas e fazem parte de uma facção criminosa de renome nacional em atuação em todas as regiões do Tocantins. Conforme Eduardo de Menezes, cada uma delas possui uma espécie de registro com número e apelidos ou alcunha, caracterizando-as como componente da facção criminosa, mas que dificulta a identificação pessoal. Em alguns casos, o “registro” do faccionado é inclusive alterado para dificultar a sua identificação”, aponta.
Ainda segundo o delegado, conforme áudios autorizados pela Justiça, membros da facção apontam cerca de 500 pessoas no Estado em atuação na organização criminosa.
Atuação
Durante a investigação foi identificado que existem mais de 500 integrantes da facção em atuação pelo Tocantins. “O grupo é tão organizado que chega a fazer teleconferências entre os integrantes. Em um dos diálogos identificados, os suspeitos falam em comercialização de drogas na Praia da Graciosa. E em outro, falam da comercialização de cocaína pura, esta com maior valor aquisitivo na comercialização”, afirmou.