O crescimento exponencial de pacientes diagnosticados com Covid-19 no Tocantins acende o alerta sobre a quantidade de leitos, principalmente UTI’s, para tratamento dos pacientes que necessitarem de internação. Atualmente, 82 pessoas no Estado estão hospitalizadas, de acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES). A secretaria não especificou quantos estão em UTI.
Em outros estados, a curva crescente de infectados, a não conscientização de parte da população que se recusa a cumprir o isolamento social, e a falta de preparo dos governos para atender a alta demanda, fez com que o sistema de saúde entrasse em colapso, suscitando a proposta de se criar uma fila única para atender pacientes de Covid-19.
A proposta define que a fila de espera por leitos de UTI em situações de emergência, como a atual, seja a mesma tanto na rede pública, quanto na privada.
Até agora, a quantidade de UTI’s disponíveis no Estado ainda não foi saturada. Segundo a SES, o Estado tem atualmente 153 leitos de UTI, sendo 32 leitos isolados especificamente para pacientes de Covid-19. A maioria desses leitos (16) está no Hospital Geral de Palmas (HGP), unidade de referência para casos moderados e graves da doença.
Os hospitais de campanha, anunciados pelo próprio governo e que acrescentariam 200 novos leitos no Tocantins, sendo 100 em Palmas, 50 em Araguaína e 50 em Gurupi, ainda não saíram do plano das ideias.
Particular
Já na rede privada, de acordo com o Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Tocantins (Sindessto), “a taxa de ocupação dos hospitais particulares no Estado ainda está baixa, mas vem crescendo desde o início desta semana”, informou a entidade em nota enviada ao Conexão Tocantins.
A entidade posicionou-se de forma contrária à proposta de criação de uma fila única. “Na prática, a medida não funciona já que ao receber os enfermos em seus estabelecimentos, os mesmos têm gastos com insumos e mão de obra e não há clareza e posicionamento, por parte do governo federal, sobre quem pagaria esta conta”, justificou.
O Sindessto informou ainda que está de acordo com o posicionamento da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), segundo a qual, a medida poderia colapsar tanto o sistema privado, responsável pelo SUS, quanto o privado que atende cerca de 47 milhões de pessoas em todo o país.
Financeiro
Segundo a entidade, os hospitais privados no Tocantins começam a sentir impactos financeiros por causa da crise provocada pela pandemia. De acordo com o Sindessto, as unidades perceberam um aumento de até 1000% no preço de alguns insumos médicos.
Os atrasos nos pagamentos devidos pelos planos de saúde, como o Plansaúde do governo, e a baixa taxa de ocupação devido ao cancelamento de cirurgias eletivas, também têm contribuído para agravar a situação financeira dos hospitais particulares.
“No momento a realidade dos hospitais e clínicas particulares no Tocantins é preocupante, já que o caixa das instituições está comprometido devido aos atrasos no pagamento por parte dos principais planos, ou seja, as unidades de saúde, além de estarem na linha de frente de combate à Covid-19, também já sentem as consequências econômicas da crise do novo coronavírus”, afirmou.
Conexão Tocantins questionou a Secretaria Estadual de Saúde a respeito da quantidade de pacientes internados em UTI’s públicas e particulares no estado, e também a taxa de ocupação de leitos e a média de tempo que um paciente precisa ficar internado até sua recuperação. Aguardamos resposta.