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Opinião

Os comportamentos mercadológicos ocorridos durante o período de pandemia deixarão transformações importantes, das quais algumas serão permanentes e outras totalmente passageiras.

Vejo que as passageiras serão aquelas de oportunidade, nas quais a “febre digital” fez centenas de empresas se atirassem de cabeça no mundo digital, vislumbrando uma chance de faturar mais no curto prazo.

Quando uma empresa não tem uma missão que permeia seu ideal ou que norteia as ações e, ainda, só pensa no seu bem financeiro, sua vida é curta. Quero dizer com isso que apenas aproveitar um bom momento não vai fazer a empresa se solidificar, ela será apenas caracterizada como oportunista.

Pior, pode gerar problemas e visões deturpadas acerca do negócio, no sentido de que um negócio virtual caminha sozinho e só basta “estar lá”.

Empresas tradicionais consolidadas no segmento digital já nasceram com o “DNA” ligado diretamente ao consumidor, antes de qualquer outra coisa. E isso pode ser visto em vários setores da economia.

Transferindo para o agronegócio brasileiro, que se tornou a menina dos olhos de nosso País, é possível identificar a mesma tendência: “O agro é um bom lugar para se ganhar dinheiro”.

Mas, a verdade não é bem assim. Observamos vendedores tradicionais de diversos produtos enfrentando problemas sérios nesse período crítico provocado pela pandemia.

Mesmo as grandes indústrias estão sofrendo com o desabastecimento de insumos e, por consequência, os consumidores também sofrem com os prazos.

Vejamos o caso das indústrias de máquinas agrícolas, por exemplo, que, hoje, não conseguem atender aos clientes de imediato, ainda que o consumidor compre um maquinário de última geração e pague em dinheiro.

A escassez de alguns insumos importantes ou até mesmo a alta de preços atingida pelos mesmos impede as concessionárias de entregar prontamente.

O prazo de entrega no campo pode se estender até quatro meses em algumas delas e obriga os produtores rurais buscarem alternativas mais ágeis para tocar suas atividades.

Por motivos óbvios, a agricultura é um dos setores que não podem esperar ou tão pouco abrir mão da qualidade da produção. O plantio não espera, a colheita tampouco. Com isso, os produtores recorrem a maquinários usados em boas condições para comprar.

Em nossa plataforma de marketplace, pioneira no agro, foi possível identificar um aumento significativo de 70% em maquinários e implementos agrícolas usados entre janeiro e abril, tendência essa que mostra força em 2022, porque o produtor rural sabe que “o agro não para e não pode parar”.

Assim, as empresas que atuam há muito com produtos diretamente voltados para o agro e tem aquele DNA ao qual me referi no início deste artigo, estão tendo a oportunidade de enxergar seus negócios por outro prisma, além de vê-los mais consolidados, aumentando o volume de vendas e, consequentemente, o faturamento.

*Roberto Fabrizzi Lucas é Chairman do Grupo MF Rural