O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira, 22, os resultados da pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM) 2020. Apesar da insegurança causada pela pandemia, a agricultura nacional e tocantinense tiveram saldo positivo. O valor da produção das principais culturas chegou a mais de R$ 8,2 bilhões, com um crescimento recorde de 73% em relação ao ano anterior. A área plantada teve incremento de 8,7% frente a 2019, totalizando mais de 1,5 milhão de hectares. A área colhida também expandiu de 1,4 milhão para 1,5 milhão de hectares no ano passado (mais 8,8%).
A PAM contempla os principais produtos da agricultura nacional, com detalhamento por cidade. A pesquisa é uma das principais fontes de estatísticas municipais, levantando informações sobre área plantada, área destinada à colheita, área colhida, quantidade produzida, rendimento médio obtido e valor da produção das culturas temporárias e permanentes, com informações relevantes para os planejamentos público e privado desse segmento econômico.
Entre as culturas que mais contribuíram para o saldo positivo agrícola no Tocantins, destaque para soja. O valor de produção do grão passou de R$ 2,8 bilhões para R$ 4,6 bilhões, salto de 66%. Já o aumento da área colhida foi de 6,33% e da safra de 14,8%. O milho em grão apresentou crescimento de 31,7% na safra, atingindo mais de 1,4 milhão de toneladas. Já o valor da produção cresceu 121%, passando de R$ 532 milhões para R$ 1,2 bilhão.
O arroz em casca, destaque nacional e local, após recuo em 2019, evidenciou crescimento recorde de 85,1% no valor de produção, passando de R$ 591 milhões para R$ 1,1 milhão. A quantidade produzida também aumentou (8,3%), no ano passado, e a área plantada teve acréscimo de 4,5% (mais 5.548 hectares). Tocantins novamente figurou como o terceiro maior produtor de arroz do Brasil, com maior representatividade em Lagoa da Confusão – segundo no ranking de todos os municípios do país em valor da produção, perdendo apenas para Uruguaina (RS). Pium ficou em 13º no ranking e Formoso do Araguaia, em 15º.
A cana-de-açúcar também se sobressaiu no estado em 2020. Entre todas as culturas pesquisadas, ela apresentou a maior quantidade produzida: 3 milhões de toneladas. Mas ainda assim a safra foi menor do que em 2019, com recuo de 1,9%. No valor da produção, o incremento foi de 28,5%. A mandioca foi o produto da lavoura temporária que registrou maior expansão no valor da produção, com salto de 243,6%. A quantidade produzida da raiz tuberosa, por sua vez, teve alta de 4,0%.
De acordo com a pesquisa, a melancia teve redução de 1,7% na safra e aumento de 64,5% no valor da produção, passando de R$ 149 milhões para R$ 246 milhões. O abacaxi registrou alta na produtividade (15%) e no valor da produção (35,5%). Essas são as duas frutas mais cultivadas no Tocantins. Na comparação nacional, o estado é o quinto maior produtor dessas culturas. Já Lagoa da Confusão encabeçou o ranking dos municípios do país com maior valor da produção de melancia. Em relação ao abacaxi, o destaque foi para Miracema do Tocantins (5º no ranking).
Valor da produção
No ranking das 10 culturas que mais geram valor à produção no Tocantins houve oito alterações em 2020. O milho superou o arroz assumindo a segunda posição. A mandioca passou a banana, o abacaxi e a melancia, chegando à quinta colocação. A melancia caiu para sexta posição e o abacaxi para sétima. O algodão herbáceo subiu para oitava colocação e o feijão para a nona. Já a banana em cacho recuou de sétimo para o décimo lugar no ranking.
A soja mais uma vez figurou na primeira posição do ranking, integrando uma fatia de mais da metade do total do valor da produção do estado (56,3%). Na sequência, aparecem o milho (14,2%), o arroz em casca (13,2%) e a cana-de-açúcar (3,8%). Os 10 principais produtos juntos corresponderam a 99,2% (R$ 8,1 bilhões) do total gerado pela agricultura tocantinense, no ano passado.
Participação do Tocantins
Considerando-se as 27 Unidades da Federação, Tocantins subiu duas posições no ranking de valor da produção total do país ficando em 11º e à frente dos demais estados da Região Norte. Com destaque para a soja e o milho, em 2019 a participação tocantinense ficou com a fatia de apenas 1,3% e no ano passado apresentou expansão de 0,5 pontos percentual chegando a 1,8% de participação.
Mato Grosso, destaque nacional na produção de soja, milho e algodão, segue na primeira posição no ranking, aumentando sua participação nacional para 16,8%, novamente à frente de São Paulo (14,5%), destaque no cultivo da cana-de-açúcar. O Paraná (12,7%), maior produtor nacional de trigo, e o segundo de soja e milho, ocupou, em 2020, a terceira posição em valor de produção, à frente de Minas Gerais (10,1%), destaque na produção de café. O Rio Grande do Sul apresentou retração, caindo para a quinta posição no ranking, com participação nacional de 8,1%. Além do Rio Grande do Sul, apenas o Amazonas apresentou recuo no valor gerado, em 2020, entre os Estados.
Cenário nacional
O valor da produção das principais culturas agrícolas do país atingiu o recorde de R$ 470,5 bilhões em 2020, um crescimento de 30,4% frente ao ano anterior, quando somou R$ 361 bilhões. É o maior aumento desde 2003 (34,0%). O resultado positivo se deve, principalmente, à elevação do valor da produção da soja, do milho, do café e do algodão. Com crescimento de 35,5% frente ao ano anterior e gerando R$ 5,3 bilhões, Sorriso, em Mato Grosso, segue como o município brasileiro com maior valor da produção agrícola, seguido por São Desidério, na Bahia, destaque na produção de soja, milho e algodão.
O supervisor da pesquisa, Winicius de Lima Wagner, explicou que o aumento do valor da produção agrícola é em parte relacionado aos efeitos da pandemia de Covid-19 no setor. “Esse resultado se deve a dois fatores distintos: o primeiro deles foi o recorde na produção de grãos, que abrange o grupo de cereais, leguminosas e oleaginosas, totalizando 255,4 milhões de toneladas; o segundo foi à elevação dos preços das culturas agrícolas, provocada, também, pela alta demanda durante a pandemia. Isso fez com que o setor fosse beneficiado em um ano marcado pela crise econômica, que afetou os demais setores”, pontuou o pesquisador.