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Cultura

Foto: Marcelo Les

Foto: Marcelo Les

Na capa, a fotografia com o olhar expressivo de Dona Iva, da comunidade Kalunga do Mimoso. Nas páginas internas, imagens que retratam o cotidiano, a resistência e a união dos povos quilombolas do Tocantins. E nos textos, poemas e versos que são um grito por direitos e visibilidade, escritos pelos próprios moradores de povoados para ecoar quilombo afora. Este é o livro “Quilombolas do Tocantins – Palavras e Olhares”, que teve edição impressa lançado nesta segunda-feira, 9, na sede da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO), em solenidade na Sala do Conselho Superior da Instituição em Palmas.

Os textos incluem poemas selecionados no concurso “Ser Quilombola” e informações condensadas dos quatro anos de atuação da Defensoria Pública junto aos remanescentes de quilombo do Estado. Conforme lembrou a defensora pública-geral do Tocantins, Estellamaris Postal, este é o primeiro livro lançado pela Defensoria Pública.

“O que nos engrandece e orgulha muito, principalmente por ser uma matéria tão importante e a cara da Defensoria Pública. Se pegarmos tanto as fotografias quanto os poemas iremos conhecer o que é a realidade de um quilombola de uma forma muito agradável, repleto de muita sensibilidade, de um povo sofrido e ao mesmo tempo muito guerreiro”, disse a Defensora Pública-Geral, ao parabenizar os envolvidos e acrescentar ainda que agora a proposta é buscar uma editora para a publicação de novas edições do livro.

Coordenador da produção literária, o subdefensor público-geral, Pedro Alexandre Conceição Aires Gonçalves, ressaltou a importância e o papel da Defensoria Pública na defesa das comunidades tradicionais. “Eu espero que a gente continue sempre a ter sensibilidade com os problemas da população, que eles nos movam a trabalhar e superar as dificuldades e barreiras que se impõem. A Defensoria Pública se reconhece como território quilombola, local de resistência e de luta para garantir direitos fundamentais”, declarou o subdefensor público-geral.

As imagens foram produzidas pela repórter fotográfica Loise Maria, durante os atendimentos da Defensoria Pública nas comunidades quilombolas. “Foi um flash de emoção. Registrando em cada olhar, em cada sorriso, uma realidade transparente e única, captadas na expressão de olhares, que complementa as palavras expressadas neste livro”, afirmou Loise.

De acordo com a professora da Universidade Federal do Tocantins Ana Lúcia Pereira, autora do Prefácio, a obra traz nas entrelinhas a luta por direitos e reconhecimento desses povos. “É um livro que dá visibilidade a esses povos, muitas vezes esquecidos, e uma fonte de pesquisa essencial na academia parar tratarmos sobre os direitos dessas comunidades para que todos possam reconhecer e respeitá-los”, declarou a Professora.

Acervo cultural

A diretora-geral da Escola Superior da Defensoria Pública (Esdep), defensora pública Téssia Gomes Carneiro afirmou que o livro é um importante acervo sobre cultura e história e resistência dos povos quilombolas. “São pessoas que precisam contar as suas próprias histórias e nada melhor do que eles mesmos trazerem a sua própria vivência”, disse.

O presidente da Associação de Defensoras e Defensores Públicos do Estado do Tocantins (Adpeto), defensor público Guilherme Vilela, falou sobre a necessidade de ampliar a visibilidade da obra, com distribuição às escolas públicas, universidades e comunidade em geral, por meio de uma nova tiragem da publicação. “É uma lembrança que precisa ser eternizada e esse livro precisa transcender os meios acadêmicos e chegar às mãos de muitas pessoas para reconhecer e respeitar esses direitos”, ressaltou.

Participações

A solenidade contou ainda com apresentação especial das atrizes Cinthia Abreu, jornalista da Assessoria de Comunicação da DPE-TO, e Bell Gama, que interpretaram poemas da publicação literária. Também estiveram presentes membros e servidores da DPE-TO, professores universitários, representantes de instituições e coletivos de defesa social.

A versão online do livro, disposta em arquivo no formato pdf, foi disponibilizada ainda em 2016 no site da Defensoria Pública.