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Polí­tica

Foto: Divulgação

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O deputado federal tocantinense Eli Borges (PL/TO), novo líder da bancada evangélica no Congresso Nacional, causou, mais uma vez, polêmica pela defesa de pautas conservadoras e agora, também, por amenizar os atos antidemocráticos do 8 de janeiro (em Brasília-DF). Em entrevista à Folha de São Paulo, nesse sábado, 25, o parlamentar chegou a dizer que "tem muita gente boa que está buscando a sua liberdade e está presa". 

Em 8 de janeiro de 2023 apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, inconformados com o resultado das eleições, invadiram o Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF), destruindo o que viam pela frente. Pelo ato golpista, muitos continuam presos e a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu o bloqueio de mais de R$ 20 milhões em bens de pessoas e empresas acusadas de financiar os atos dos vândalos. 

À Folha, Eli Borges disse que os "baderneiros" seriam uma minoria infiltrada. "Porém, a imensa maioria, de boa-fé, na frente dos quartéis cantando hino nacional com a bandeira nacional, estava a serviço da consolidação da democracia brasileira. Esse é meu pensamento", disse o conservador evangélico e bolsonarista. 

Para o deputado, existe uma "ditadura da toga" no Brasil, e o Supremo tem atuado em muitos assuntos que não deveria. Ele citou a suposta ideologia de gênero e aborto, por exemplo. "Judiciário tem que julgar leis, e quem faz as leis é o Parlamento", afirmou. 

Eli Borges foi eleito há poucos dias líder da bancada evangélica, após eleição conturbada, com direito a bate-boca e aparentemente uma divisão dentro do bloco (o que foi negado pela bancada). Após repercussão nacional, o evangélico aceitou fazer revezamento de liderança com Silas Câmara (Republicanos/AM) a cada seis meses, pelo período de dois anos. 

Sobre a participação evangélica nos atos de janeiro, Eli disse ter visto "evangélicos, católicos e espíritas na luta pela democracia". E sobre os pedidos de intervenção das Forças Armadas na contramão do resultado das urnas que, segundo os manifestantes, não seria confiável, o deputado tocantinense equivocou-se na interpretação Constitucional. "As Forças Armadas exercem um papel de atender o clamor popular e, essa população foi fazer um clamor que a Constituição define como direito constitucional. Não vi nada de errado na sociedade fazer o seu clamor", argumentou, com relação às manifestações golpistas e ilegais. 

Em relação ao presidente Lula 

Na entrevista à Folha, Borges ainda respondeu questões acerca do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado foi contundente ao dizer que a bancada evangélica não vai amenizar nenhuma de suas pautas já defendidas: da família, luta contra "ideologia de gênero", defesa da vida e contra o aborto e contra jogo de azar. Segundo o parlamentar, o próprio presidente verbalizou muitas vezes um pensamento diferente daquilo que a "população conservadora" prega e defende. 

Na entrevista Eli Borges confirmou ser um deputado com afinidade com as bandeiras defendidas por Jair Bolsonaro, que tem entre suas bandeiras mais polêmicas a defesa do armamento da população e restrição aos direitos indígenas.

Pautas Conservadoras

Dentre as pautas polêmicas questionadas ao deputado, Eli respondeu não concordar que tenha aborto no Brasil, dando a entender que não é a favor nem em caso de estupro (situação permitida pela Legislação Brasileira). 

Na entrevista o deputado ainda comentou sobre suposto abuso de poder religioso, levando em conta o uso do púlpito das igrejas para palanque político e respondeu sobre o poder dos pastores sobre as igrejas, se a igreja tem ou não partido e se o segmento evangélico apoiará Bolsonaro em possível disputa futura. Também comentou sobre alusões apresentadas no Carnaval. Confira a entrevista na íntegra aqui.

Ignorância

Para o jornalista e colunista do UOL, Reinaldo Azevedo, o deputado Eli Borges, ao falar em nome da bancada evangélica, mostrou ignorância sobre o conteúdo da Constituição Federal; falsa simetria entre igrejas e sindicatos; intolerância religiosa e cultural; desumanização da mulher, transformando-a numa mera bolsa reprodutiva. De acordo com o colunista, em matéria de religiosidade, o parlamentar tocantinense parece mais propenso a cultivar bezerros de ouro. Confira aqui as considerações do jornalista.