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Meio Ambiente

Foto: Larissa Cerqueira

Foto: Larissa Cerqueira

O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), por meio da Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas (DBAP), inicia nesta semana, em conjunto com pesquisadores de instituições públicas, a primeira etapa dos trabalhos em campo para localização de duas espécies ameaçadas de extinção, denominadas cientificamente de Bachia psamófila (lagarto ápoda sem patas) e Scolopendropsis duplicata (lacraia). 

A atividade integra o Plano de Ação para Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Cerrado Tocantins (PAT Cerrado Tocantins), no âmbito do projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção. A ação segue até sexta-feira, 2, e abrange a região de Luzimangues, em Porto Nacional, até Miracema do Tocantins. Para alinhamento deste trabalho, a equipe se reuniu nessa segunda-feira, 29, na sede da autarquia, em Palmas.

Segundo o biólogo do Naturatins, Oscar Vitorino, a realização de levantamentos sobre a ocorrência das espécies focais, nos territórios considerados prioritários para a conservação de espécies ameaçadas é uma das ações do PAT Cerrado Tocantins. Vitorino explica que, no Cerrado tocantinense, a Bachia psamophila e a Scolopendropsis duplicata foram classificadas como focais e prioritárias por constarem na avaliação nacional das espécies ameaçadas de extinção, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), como espécies criticamente em perigo.

“Coletadas pela primeira vez na foz do ribeirão Santa Luzia, no município de Porto Nacional, as duas espécies ganharam nomes científicos, mas deixaram de ser vistas, desde que foram descritas para a comunidade científica. Portanto, é importante saber onde elas ocorrem para que se desenvolva um trabalho de conservação para garantir a manutenção das espécies”, explicou o biólogo Oscar Vitorino.

Vitorino informa que, para localizar as populações dessas duas espécies, irá a campo um grupo de trabalho composto pelo Naturatins, Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), Universidade Federal do Tocantins (UFT), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade de Brasília (UnB) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A estratégia, segundo o pesquisador da UnB, Guarino Rinaldi Colli, é realizar a pesquisa em áreas semelhantes às que foram encontradas há mais de 20 anos.

Além de garantir a conservação das espécies, Colli destaca que essa ação é fundamental para conservação dos ambientes onde elas estão inseridas. “Essas duas espécies ameaçadas de extinção, normalmente têm uma distribuição geográfica pequena. Por serem descritas nas mesmas localidades, é provável que as ocorrências não se restrinjam a elas. Possivelmente terão outras espécies. Sendo assim, ao conservar essas espécies estamos, também, conservando o ambiente onde elas vivem”, enfatizou.

PAT Cerrado Tocantins

O PAT Cerrado Tocantins foi publicado por meio da Portaria nº 80/2020 no Diário Oficial do Estado (DOE) e está inserido na região da bacia hidrográfica do alto Rio Tocantins, considerada única no planeta por sua diversidade biológica, e que possui apenas 6,87% de seu território formado por áreas protegidas.

O território Cerrado Tocantins foi considerado prioritário para a conservação de espécies ameaçadas, compreendendo 22 municípios que vão do extremo leste do Estado, região das Serras Gerais, passando pela região de Natividade até as proximidades do Rio Tocantins, onde o acompanha do município de Peixe até Miracema, totalizando uma área de 3.721.203,59 hectares ou mais de 37 mil km².

Sobre o Pró-Espécies

A estratégia nacional para a conservação de espécies ameaçadas de extinção Pró-Espécies: Todos contra a extinção é uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) que tem como objetivo adotar ações de prevenção, conservação, manejo e gestão para minimizar as ameaças, o risco de extinção e melhorar o estado de conservação das espécies ameaçadas.

Financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Facility Trust Fund), o projeto é coordenado pelo Departamento de Espécies (DESP/MMA) e implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), sendo o WWF-Brasil a agência executora.

O projeto trabalha em conjunto no Maranhão, Bahia, Pará, Amazonas, Tocantins, Goiás, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo para desenvolver estratégias de conservação em 24 territórios, totalizando nove milhões de hectares. Prioriza a integração da União e Estados na implementação de políticas públicas, assim como procura alavancar iniciativas para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de pelo menos 290 espécies categorizadas como Criticamente em Perigo (CR) e que não contam com nenhum instrumento de conservação.