Nos últimos anos, tem-se falado muito que as doenças cardiovasculares são a principal causa de óbito no Brasil e no mundo. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), são contabilizadas mais de 1,1 mil mortes diárias decorrentes de alguma patologia do coração. Porém, quando se compara aos homens, verifica-se que as mulheres têm maior predisposição para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Segundo o estudo WISE (Women's Ischemia Syndrome Evaluation - em português, Avaliação da Síndrome de Isquemia Feminina), em geral, 1/3 das mulheres vai a óbito por doenças cardiovasculares. Dessas, 47% são em decorrência de doenças coronarianas, também conhecidas como infartos. Dentre as mais comuns, estão: INOCA (Isquemia na Ausência Obstrutiva Arterial Coronariana), MINOCA (Infarto do Miocárdio na Ausência Obstrutiva Arterial Coronariana) e Vasoespasmo Coronariano.
“O estudo WISE nos mostra que mais de 60% das mulheres que chegaram ao pronto-socorro com queixa de dor no peito não possuíam obstrução, o que, às vezes, leva a um diagnóstico errôneo. Desta forma, elas acabam sendo liberadas mais cedo do que o recomendado”, explica a Dra. Salete Nacif, cardiologista do Hcor. De acordo com o Colégio Americano de Cardiologia, as mulheres com alguma das patologias citadas têm 4 vezes mais chances de reinternação em até 180 dias. “Isso quando não evolui para arritmias e até mesmo para a morte súbita”, completa.
Ainda de acordo com a cardiologista, o problema ocorre porque os mecanismos do infarto podem ser transitórios e não obstruir nenhuma artéria coronária, o que exige exames para diagnóstico mais complexos, como ressonância magnética cardíaca, testes com acetilcolina intracoronária e angiografia coronariana. Também é importante descartar outras possibilidades de patologias cardiovasculares, como miocardite, embolia pulmonar e cardiomiopatia, pois a chance de as doenças serem parecidas é muito grande.
“As mulheres possuem particularidades que as tornam mais suscetíveis a apresentar diversas doenças cardiovasculares, como artérias mais finas, oscilação hormonal, gravidez e a própria predisposição genética. Geralmente, afetam mulheres acima dos 60 anos, mas, nos últimos anos, temos visto um crescimento significativo na faixa dos 40. Por isso, é fundamental realizar acompanhamento de rotina e, ao sentir qualquer sintoma cardíaco, procurar um atendimento médico de urgência”, alerta.
Prevenção de doenças cardiovasculares em mulheres
Além de cessar comportamentos já conhecidos que contribuem para o aumento de doenças cardiovasculares, como tabagismo, sedentarismo e estresse, existem outras formas de prevenção, como o tratamento dos fatores de risco específicos da mulher.
É essencial, juntamente com a redução dos potencializadores, que a avaliação médica seja realizada periodicamente. “Para diminuir a chance do desenvolvimento dessas doenças, também deve-se evitar o uso de drogas ilícitas, anfetaminas, álcool e medicamentos em excesso para enxaquecas”, conclui. (Com informações de Andressa Aricieri/AI Hcor)