O pedreiro Rafael dos Santos Silva, de apenas 22 anos, foi linchado até a morte em consequência de notícia falsa (fake news). A confirmação é da Polícia Civil paulista - dois meses após o crime.
O linchamento aconteceu em 17 de dezembro de 2023, em Suzano, na Região Metropolitana de São Paulo. O jovem havia ido embora de Recife (PE) em 2020 para tentar uma vida melhor na nova cidade e com a promessa de ajudar a mãe a comprar uma casa. Ele costumava enviar dinheiro. Rafael trabalhava como ajudante de pedreiro.
A informação falsa noticiava que Rafael teria matado três cães. Um vereador de Suzano, conhecido por Marcel da Ong, teria divulgado vídeo alarmando suposto ataque a cães e, sem citar o nome de Rafael, informado na gravação que o suposto agressor de animais teria confessado os ataques. O vereador é investigado, de acordo com a Polícia Civil, por propagação de notícia falsa e incitação ao crime.
A investigação não encontrou indícios de que os animais tenham sido mortos na região. A morte do jovem, de forma brutal, teve cenas gravadas e divulgadas na internet. Ele foi espancado com socos, chutes, pauladas, pedradas, e com uma pá. Segundo informações da mídia nacional, ele ainda foi atropelado por carro. Enquanto era agredido, era acusado de exterminador de cachorros. Rafael só teve forças para negar, dizer que não era aquilo que diziam.
Transtornos
Rafael vinha sofrendo de transtornos psiquiátricos, de acordo com amigos, familiares, conhecidos e a polícia, já que andava falando nas ruas e escrevendo nas redes sociais coisas desconexas. A mãe dele, Ariceli Santos, de 46 anos, confirmou à imprensa que o filho estava desorientado e estranho nos últimos tempos.
Conforme apurado pela Polícia, Rafael vinha falando e publicando nas redes sociais coisas nas quais manifestava ódio e reprovação a cães de um modo geral, como dizer que tais animais "eram impuros" e "do demônio". Porém, a Polícia comunica não haver qualquer indício factível de que ele tivesse feito mal, de fato, a qualquer animal.
Presos
Até então, sete suspeitos pelo crime já foram encontrados e presos pela polícia, que montou a “Operação Fake News”. O último suspeito foi detido no último dia 6, em Rio Grande da Serra (SP). (Com informações do UOL e Revista Fórum)