Sob o sol implacável do Tocantins e a poeira branca das estradas, a comunidade remanescente de quilombo Kalunga do Mimoso testemunhou a passagem do Projeto Luzeiro. Uma caravana de pesquisadores formada pelo Ministério Público do Tocantins (MPTO), Universidade Federal do Tocantins (UFT), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e moradores locais, em comunhão, desbravou o coração da comunidade por cinco dias, de 10 a 14 de junho.
Acolhidos pela comunidade, os pesquisadores mergulharam em um universo de tradição e ancestralidade. Vinte e seis famílias abriram suas portas e suas vidas, partilhando sonhos e desafios.
Bernadete Xavier da Silva, conhecida como Deta, e Francisco dos Santos Rosa, um casal de idosos, testemunharam as melhorias trazidas pela eletricidade e internet, mas com a sabedoria dos anos, afirmaram: "A vida melhorou, mas precisa melhorar mais".
Em cada relato, um fio da história da comunidade quilombola se revelava. Histórias de luta, resistência e saberes ancestrais transmitidos por gerações. Dona Apolinária Soares de Sousa, uma das pessoas mais idosas da comunidade, expressou o amor pelo plantio e a alegria de colher o fruto do próprio trabalho.
Já dona Elzina Simão da Silva, com a força daqueles que conhecem suas raízes, afirmou: "Esse pedaço de chão é meu, pois é aqui que trabalho desde sempre e vou continuar trabalhando até morrer".
Folia de Santo Antônio
Fé e a tradição se entrelaçaram na Folia de Santo Antônio, um festejo aguardado com ansiedade pela comunidade Kalunga do Mimoso. Os pesquisadores, testemunhas privilegiadas, sentiram a força das cantigas, benditos e rezas ancestrais. Um ato de devoção que alimenta a esperança e fortalece os laços da comunidade.
Projeto Luzeiro
A jornada do Projeto Luzeiro continua. Em agosto, mais famílias compartilharão suas histórias, colaborando com a construção do Diagnóstico Rural Participativo, um retrato da comunidade Kalunga do Mimoso, um povo que luta, resiste e sonha com um futuro melhor. (MPTO)
