No Tocantins, uma cultura pouco difundida e ainda desconhecida de muitos é a do plantio de seringueiras para extração do latex. Na região de Marianópolis, uma propriedade rural possui cerca de 180 mil pés de seringueiras plantadas numa área de 340 hectares (ha). Desse total, 35 mil árvores produziram 125 toneladas de latex na última safra, encerrada recentemente.
Para a próxima safra (2024/2025), com mais árvores em produção (70 mil) e mais produtividade por planta, a expectativa é de colher 300 toneladas de latex, matéria prima bastante usada na produção de borracha, especialmente pela indústria de pneus que absorve 82% da produção mundial.
Na fazenda onde fica o seringal Green Latex, a preparação para a nova safra iniciou com o desfolhamento natural das plantas ainda no mês de julho e, no momento, segue com a vedação de painéis da safra passada (2023/2024). Nessa etapa, o painel é pintado com tinta látex, acaricidas e fungicidas que protegem contra fungos, ácaros e outros microrganismo prejudiciais à planta. Na sequência, acontece o bandeiramento, etapa em que são marcados no caule da árvore os limites do corte para, depois, finalmente ser realizada a sangria, quando o latex é extraído. São cuidados necessários, etapas importantes para o bom aproveitamento da planta e a extração correta do latex.
“O escoamento da seiva até a caneca presa ao tronco se dá após a remoção de um pequeno volume da casca da árvore, sempre com muito cuidado e precisão técnica para não ferir a planta”, destaca o produtor Igor Avelino, administrador do negócio. Uma das características dessa cultura é que, ao atingir o ponto de sangria, uma árvore de seringueira pode produzir até os 50 anos. Ele revela que a árvore demora aproximadamente oito anos para começar a produzir e precisa atingir 45 cm de circunferência, o que exige uma mão de obra qualificada, cuja preparação acontece sempre no local. “O próximo passo é treinar a mão de obra para aprender a sangrar, desenvolver habilidades para fazer corretamente o corte na árvore por onde escorre o latex”, completa Igor Avelino.
A fase de sangria está programada para iniciar agora em setembro. Para atender a expectativa de produção ao final da safra (2025), deverão ser contratados, agora, pelo menos mais 15 trabalhadores na região, totalizando, assim, 32 pessoas. Uma oportunidade de emprego, principalmente para famílias em que o marido, a esposa e filhos podem, juntos, trabalhar no mesmo local e incrementar significativamente a renda da casa e garantir o sustendo da família. “Já iniciamos a seleção de currículos, entrevistas; após a contratação, a gente faz o treinamento até que a pessoa esteja apta às atividades no seringal”, reforça a supervisora florestal e bióloga, Ângela de Freitas. Ela mora no seringal e fala com alegria sobre conviver com outras espécies. “O seringal nos dá a oportunidade do trabalho e a floresta o privilégio de convivermos com diferentes espécies animais que vemos circulando livres”, diz Ângela.
Sobre a Green Latex
A Green Latex é uma empresa de extração de latex e opera suas atividades na Fazenda Anajá, município de Marianópolis, Tocantins. A ideia do seringal veio da necessidade de mitigação do dano ambiental provocado pela supressão de árvores devido a implantação da agricultura na propriedade com o plantio de soja e milho. Na época, estima-se que foram suprimidas aproximadamente quatro mil árvores.
Com o seringal, foram devolvidas 200 mil mudas, hoje, todas adultas e cumprindo o papel de reflorestamento da área. Assim, além de atender ao apelo sobre os cuidados com o meio ambiente, a produção de latex no local tem proporcionado, continuamente, a geração de emprego e renda para os que não encontravam oportunidade de trabalho na região, bem como gerado riqueza e prosperidade para todos os envolvidos no negócio: acionistas, trabalhadores e parceiros.
A seringueira é uma cultura que se adaptou bem no cerrado e provou ser uma atividade econômica do agro explorada em harmonia com o meio ambiente.