O hall da Assembleia Legislativa do Tocantins, em Palmas, esteve tomado pela cultura do coco babaçu na noite dessa terça-feira, 5. Da mostra com produtos típicos para venda, apresentações culturais e vivência com quebradeiras de coco da comunidade Pequizeiro do município de Axixá, até as fotografias que compõem a mostra fotográfica, o público presente pôde vivenciar de pertinho e aprender um pouco mais sobre a cultura do coco babaçu, por meio da mostra fotográfica Somos Raimundas, da fotojornalista Loise Maria.
A exposição permanece aberta até o final do mês de novembro e é dedicada às quebradeiras de coco babaçu e à preservação cultural e ambiental que envolve essa atividade. “A mostra oferece um olhar sensível e profundo sobre o cotidiano, a cultura, e as lutas das mulheres que fazem da quebra do coco uma atividade essencial não só para o sustento de suas famílias, mas também para a conservação do ecossistema local e das florestas de babaçu”, declarou.
A solenidade de abertura foi marcada por apresentações culturais realizadas pelas próprias quebradeiras, que trouxeram ao espaço da galeria um pouco da energia, das tradições e dos cantos que acompanham o trabalho diário dessas mulheres. Além disso, o evento contou com performances de música e teatro, com os artistas Iva de Oliveira e Yane Lopes, e exibição do videodocumentário Somos Raimundas.
A quebradeira de coco babaçu Zaina Maria de Carvalho, 64 anos, é quebradeira de coco babaçu, em Axixá, há 12 anos, e se disse lisonjeada com o evento. “Eu sou quebradeira de coco babaçu com muito orgulho, pois é com ele que eu crio meus filhos. Ver um evento assim, que traz essa homenagem tão bonita pra nós, deixa a gente muito orgulhosa de quem somos e da nossa história. Prova que a gente tem valor”, avaliou.
Foto: Washington Luiz Silva Foto: Washington Luiz SilvaPara muitos presentes, a exposição revelou facetas pouco conhecidas da quebra do coco babaçu, que vai além de um simples ofício, envolvendo tradições culturais, proteção ambiental e um conhecimento profundo da natureza. Durante o evento, visitantes elogiaram a sensibilidade e o impacto das imagens, destacando a habilidade de Loise Maria em capturar a força e a jornada das quebradeiras.
O 1º subdefensor público-geral da Defensoria Pública do Estado do Tocantins, Pedro Alexandre Conceição Aires Gonçalves, destacou a sensibilidade da mostra. “Uma exposição de alta sensibilidade e de grande beleza. É a demonstração de um trabalho muito comprometido da Loise, que é essa grande profissional que já compôs os quadros da Defensoria Pública e que continua em nossos corações. São registros caros e peculiares da nossa identidade, pois todos nós somos parte das quebradeiras de coco babaçu”, relatou.
O publicitário Marcelo Silva, diretor do filme “Raimunda, A Quebradeira” alegou que a exposição é importante para dar visibilidade às quebradeiras de coco babaçu. “Um tremendo espaço para elas, que vem com arte e agrega um valor ainda maior. Com essa exposição, a Loise utilizou a cultura para mostrar a vivência, os saberes e a tradição tão forte dessas mulheres”, relatou.
Exposição
São cerca de 20 imagens produzidas pela fotógrafa durante visita às comunidades para pesquisa de estudos de pós-graduação, nos últimos 10 anos. A mostra conta um pouco sobre a jornada diária das quebradeiras de coco, o papel dessas mulheres na conservação do babaçu e do ecossistema local, as tradições e culturas que envolvem o processo de quebra do coco, e os desafios enfrentados pelas quebradeiras e suas lutas por direitos e justiça social.
A exposição Somos Raimundas estará aberta ao público até o final do mês, proporcionando oportunidade para que mais pessoas conheçam e reconheçam o valor das quebradeiras de coco babaçu e a importância de sua luta. O projeto homenageia a todas as quebradeiras de coco babaçu na figura de uma das maiores ativistas do movimento, a quebradeira de coco Dona Raimunda (in memorian), líder das Quebradeiras de Coco do Bico do Papagaio. “Sabemos que há muitas outras Raimundas na mesma região, que também lutam arduamente por melhores condições de vida, melhores condições de trabalho e, principalmente, de sobrevivência.
Foto: Washington Luiz SilvaProjeto
O projeto tem patrocínio de edital da Lei Paulo Gustavo (LPG), via Fundação Cultural de Palmas, Secretaria Estadual de Cultura e Ministério da Cultura.