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Economia

Foto: Freepik

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A moda brasileira enfrenta desafios das mais diversas ordens. Uma delas está ligada à sustentabilidade: o avanço da chamada fast fashion, que consiste no barateamento das peças de vestuário a partir da piora na qualidade do produto e, muitas vezes, das condições de trabalho ao longo da cadeia produtiva, possibilitou um aumento no consumo e na descartabilidade da produção, gerando grandes volumes de lixo que se amontoam em vários países. 

Segundo Ana Carolina de Santana, professora do curso de designer de moda da Estácio, a indústria da moda é uma das maiores consumidoras de água, especialmente no cultivo de algodão e nos processos de tingimento. “O Brasil ainda enfrenta desafios para tratar adequadamente os efluentes da produção têxtil, e muitos cursos d’água são contaminados por produtos químicos usados no tingimento e tratamento de tecidos”, comenta.

Entretanto, a docente explica que o uso de fibras naturais tem sido cada vez mais incentivado para substituir os tecidos sintéticos, majoritariamente oriundos do petróleo. Fibras como a lã e o algodão (o Brasil é o quarto maior produtor e segundo maior exportador do mundo) têm gerado tecidos cada vez mais tecnológicos e biodegradáveis. Por outro lado, peças feitas de fibras sintéticas liberam microplásticos no solo e oceanos durante a lavagem. “Seu processo de fabricação e descarte inadequado geram gases de efeito estufa, agravando a poluição atmosférica”, indica.

Transparência 

A indústria da moda no Brasil enfrenta dificuldades para garantir a transparência em todas as etapas da cadeia produtiva. É um setor que depende de fornecedores diversificados, incluindo fábricas de pequeno e médio porte. A falta de rastreabilidade torna difícil garantir práticas sustentáveis e éticas, como o uso responsável de recursos e o tratamento justo dos trabalhadores. 

Ainda existem denúncias de condições precárias de trabalho. “Não são incomuns as descobertas de imigrantes e brasileiros trabalhando em condições análogas à escravidão em elos da cadeia produtiva da moda, desde o plantio de algodão a confecções em grandes cidades. A moda sustentável também exige responsabilidade social, com transparência e valorização da mão de obra”, adverte.

As regulamentações e certificações que garantam práticas sustentáveis na moda brasileira ainda são poucas, o que cria desafios para o consumidor diferenciar entre produtos realmente sustentáveis e aqueles que se dizem sustentáveis, mas não são, prática de marketing conhecida como greenwashing.

Soluções

Apesar dos desafios, Ana Carolina explica que existem soluções. “É preciso que o público entenda a importância da moda sustentável, incentive o consumo consciente e valorize peças de maior qualidade e durabilidade. Olhar a etiqueta e ver do que a roupa é feita já é um bom começo”, indica.

O conserto e o ajuste de roupas podem evitar que elas sejam jogadas no lixo. O mercado de roupas usadas também é uma opção para encontrar boas peças a preços convidativos. “Outras ações como personalização de vestimentas e o retrofit (técnica de revitalização e modernização de peças, adaptando-as às necessidades atuais) estão cada vez mais valorizadas. 

A moda é um campo da criatividade, é cíclica e se renova constantemente. Por isso, a dica é: não se prenda a coleções e consuma produtos de melhor qualidade. A economia e o planeta agradecem”, finaliza. (Interativa/AI)