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Saúde

Foto: Freepik

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Tradicionalmente associada ao envelhecimento e à predisposição genética, a doença de Parkinson tem sido cada vez mais relacionada a fatores emocionais. A neurologista cooperada da Unimed Goiânia, Dra. Roussiane Gaioso, destaca que a ansiedade crônica e estresse persistente não apenas agravam sintomas neurológicos como também podem acelerar o surgimento da doença.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Parkinson afeta cerca de 1% da população mundial acima dos 60 anos. No Brasil, estima-se que dois a cada 100 idosos convivam com a condição. Os sintomas mais conhecidos envolvem tremores, rigidez muscular e lentidão motora, mas a origem do problema pode estar, em muitos casos, nos impactos silenciosos da saúde mental.

“A ansiedade é um mecanismo de defesa do cérebro. Quando normal, ela ajuda a preparar o corpo para lidar com desafios. Mas, quando excessiva ou persistente, pode se tornar um transtorno mental e ser, sim, gatilho para apresentação de outras doenças, como o Parkinson”, explica Dra. Roussiane. Isso acontece devido ao desequilíbrio crônico de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, substâncias fundamentais para a comunicação entre os neurônios.

Quando o corpo dá sinais

O Parkinson é caracterizado por sintomas motores, como tremor em repouso (geralmente unilateral, começando nas mãos), rigidez muscular, lentidão dos movimentos (bradicinesia), alterações posturais e perda de expressão facial. “Esse tremor pode até ser confundido com ansiedade no início, já que também piora com o estresse emocional”, alerta a médica.

Além dos sinais visíveis, pacientes podem apresentar alterações na escrita, com letras cada vez menores (micrografia), diminuição da amplitude dos movimentos, piscar mais lento e postura encurvada, com maior tendência a quedas. Segundo a médica, o critério mais relevante para o diagnóstico ainda é a bradicinesia, identificada pela lentidão e redução da amplitude dos movimentos.

Fatores de risco e estilo de vida

A doença afeta majoritariamente homens acima dos 60 anos, com uma proporção de três para dois em relação às mulheres, mas pode se manifestar precocemente, a partir dos 40. Casos familiares aumentam o risco, mas o estilo de vida tem ganhado destaque como fator de influência. “Pacientes que sofrem com ansiedade crônica e estresse intenso apresentam um desequilíbrio hormonal e de neurotransmissores que favorece a degeneração das células que produzem dopamina, contribuindo diretamente para o desenvolvimento da doença”, reforça a especialista.

Prevenção começa pela mente

Embora ainda não exista cura para o Parkinson, a prevenção e o diagnóstico precoce podem fazer toda a diferença na qualidade de vida. “Estilo de vida saudável, alimentação balanceada, prática regular de atividade física e, principalmente, cuidados com a saúde mental são fundamentais. Alterações neuropsiquiátricas devem ser investigadas precocemente por profissionais capacitados”, orienta a médica.

Dra. Roussiane conclui com um alerta que resume a importância da atenção à saúde emocional e neurológica. “Aguentamos por muito tempo um transtorno ansioso sem grandes consequências, mas não aguentamos o tempo todo. O organismo vai sinalizar cansaço, e o cérebro também. E isso pode custar muito caro para a saúde neurológica”, finaliza. (Kasane)