O mês de setembro é marcado pela campanha do Setembro Dourado, que tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil. Pensando nisso, o Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES/TO), esclarece sobre tipos, sinais, sintomas e tratamento dessa doença que afeta crianças e adolescentes. O alerta é especialmente importante para pais e responsáveis, que devem estar atentos a possíveis sinais e sintomas da doença, já que quanto antes o câncer for identificado, maiores são as chances de cura.
Consideram-se cânceres infantojuvenis aqueles que afetam crianças e adolescentes de zero a 17 anos. Os tipos mais comuns são as leucemias (que atingem os glóbulos brancos), além de tumores nos sistemas nervoso central e linfático. A maior incidência da doença ocorre entre crianças de zero a sete anos.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são estimados quase oito mil novos casos por ano entre 2023 e 2025 no Brasil. A detecção precoce e o tratamento especializado aumentam significativamente as chances de recuperação. Diferentemente dos cânceres em adultos, os infantojuvenis não estão relacionados a fatores externos, como hábitos de vida, mas podem surgir por alterações genéticas herdadas ou espontâneas no DNA.
A oncologista pediátrica do Hospital Geral de Palmas (HGP), Jennifer Campos, explica que os pais devem estar em alerta ao sinal de alguma anormalidade. “Na maioria das vezes, os sintomas estão relacionados a doenças comuns na infância, mas isto não deve ser motivo para descartar a visita ao médico. A manifestação clínica dos tumores infantojuvenis pode não diferir muito de doenças benignas [sem maior gravidade] comuns nessa faixa etária. Muitas vezes, a criança ou o jovem está em condições razoáveis de saúde no início do adoecimento. Por esse motivo, o conhecimento do médico sobre a possibilidade de ser câncer é fundamental”. Ela relata ainda que atualmente, na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) do HGP, há oito pacientes em tratamento de tumores sólidos. "Temos três pacientes com rabdomiossarcoma, dois com tumores no sistema nervoso central, um sarcoma e dois neuroblastomas. Nosso tratamento consiste em radioterapia, quimioterapia e, em alguns casos, cirurgia”, pontua.
Tumores da infância
Nas leucemias, pela invasão da medula óssea por células anormais, a criança se torna mais sujeita a infecções, pode ficar pálida, ter sangramentos e sentir dores ósseas. No retinoblastoma, um sinal importante é o chamado reflexo do olho do gato, embranquecimento da pupila quando exposta à luz. Pode se apresentar, também, por meio de fotofobia (sensibilidade exagerada à luz) ou estrabismo (olhar vesgo). Geralmente acomete crianças antes dos três anos. Atualmente, a pesquisa desse reflexo pode ser feita desde a fase de recém-nascido.
Aumento do volume ou surgimento de massa no abdômen podem ser sintomas de tumor de Wilms (que afeta os rins), neuroblastoma (tumor de sistema nervoso simpático ou de linfoma). Tumores sólidos podem se manifestar pela formação de massa, visível ou não, e causar dor nos membros. Esse sintoma é frequente, por exemplo, no osteossarcoma (tumor no osso em crescimento), mais comum em adolescentes.
Tumor do sistema nervoso central tem como sintomas dores de cabeça, vômitos, alterações motoras, alterações de comportamento e paralisia de nervos. O rabdomiossarcoma costuma se desenvolver nas células que dão origem aos músculos esqueléticos (usados para mover partes do corpo). O tumor faz parte do grupo dos sarcomas de partes moles, sendo mais comum na infância e na adolescência. Pode surgir em praticamente qualquer parte do corpo, mas as localizações mais frequentes são cabeça, pescoço, sistema urinário e membros.
Geovania dos Santos Bandeira, mãe do pequeno João Lucas dos Santos Bandeira Vargas, de apenas cinco anos, conta como foi o diagnóstico. “Há um ano, ele começou a apresentar sintomas como se fosse uma virose, mas coração de mãe não se engana e eu sabia que tinha algo mais, após alguns exames chegamos ao diagnóstico de câncer, um neuroblastoma das glândulas suprarrenais, localizado acima dos rins. De lá para cá, iniciamos o tratamento no HGP com quimioterapia e, em julho de 2024, fomos para São Paulo para fazer a cirurgia de retirada do tumor. Graças a Deus, atualmente, meu filho está curado e vamos continuar fazendo acompanhamento dele pelos próximos cinco anos”, informa.
Dados
Dados da Gerência da Rede de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer, da SES/TO, apontam que 23 crianças e adolescentes, entre 0 e 19 anos, fazem tratamento ou acompanhamento de câncer no Tocantins. Dentre os tipos de câncer tratados, estão a doença de Hodgkin, que é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático, câncer de nasofaringe e sarcomas.
No Tocantins, os usuários são encaminhados pelas secretarias municipais de Saúde dos seus municípios de origem, por meio da Regulação Estadual, que organiza o fluxo de atendimento na Assistência de Alta complexidade em Oncologia (Unacon) da unidade hospitalar mais próxima de Palmas (HGP) ou Araguaína (HRA).