Boa parte da população não sabe, mas jogar medicamentos vencidos ou em desuso no lixo comum ou, pior, descartá-los na pia e no vaso sanitário, um hábito frequente, representa grave risco à saúde pública e ao meio ambiente. O descarte incorreto lança substâncias químicas na água e no solo, o que pode comprometer a longo prazo a vida e a saúde da população, dos organismos aquáticos e micro-organismos da terra.
Para combater esse problema, o Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Tocantins (Sindifato), por meio do presidente Renato Soares, chama a atenção para a importância da logística reversa e orienta a população a devolver esses resíduos diretamente nos pontos de coleta disponíveis nas farmácias e drogarias.
"A destinação correta de medicamentos vencidos ou em desuso é um pilar fundamental para a proteção da saúde pública e do meio ambiente. Quando descartados de forma inadequada, seja no lixo comum ou no esgoto, esses produtos farmacêuticos podem contaminar o solo e a água, comprometendo ecossistemas e, em última instância, retornando à cadeia alimentar humana", destaca.
Poluente de alto impacto
Quando um medicamento é descartado de forma inadequada, seja antibiótico, analgésico ou hormonal, seus componentes podem não ser totalmente removidos pelas estações de tratamento de esgoto.
O resíduo farmacêutico na natureza, como acrescenta o Sindifato, é um poluente de alto impacto. No solo, as substâncias podem atingir lençóis freáticos. Na água, podem interferir no metabolismo de animais aquáticos, e a longo prazo, gerar resistência bacteriana no ecossistema. Especialistas da saúde alertam que o descarte incorreto de medicamentos aumenta o risco de termos infecções mais difíceis de tratar no futuro.
O presidente Renato Soares enfatiza ser fundamental que a população entenda que o lixo comum ou o esgoto não são o destino desses produtos. "O descarte incorreto aumenta o risco de automedicação perigosa, uso indevido por terceiros ou ingestão acidental por crianças e animais. Felizmente, a população desempenha um papel crucial nesse processo ao poder levar esses medicamentos para pontos de coleta específicos, frequentemente localizados nas principais farmácias da capital. Essa iniciativa oferece um canal seguro e acessível para garantir que esses resíduos sejam tratados de maneira ambientalmente responsável e que não representem um perigo para a comunidade", afirma.
Além da contaminação ambiental, o descarte em lixeiras domésticas coloca em risco catadores e pode levar à ingestão acidental por crianças e animais.
A responsabilidade da farmácia e a legislação
A devolução dos medicamentos vencidos ou em desuso às farmácias é amparada por lei federal. O Decreto Federal nº 10.388/2020, que regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), estabelece a obrigatoriedade da Logística Reversa de Medicamentos Domiciliares.
Nesse sistema, a farmácia ou drogaria atua como ponto de recebimento. O consumidor deve levar o medicamento (comprimidos, pomadas, líquidos) e suas embalagens primárias (blisters, frascos) e depositá-los em contentores específicos instalados no local.
O Sindicato compreende ainda faltar engajamento mais robusto para que os cidadãos sejam cientes deste compromisso de descarte e ressalta o papel crucial do farmacêutico nesse processo: as farmácias são os elos finais dessa cadeia para o consumidor - além de serem ponto de coleta, podem orientar e conscientizar a população sobre a forma correta de descarte, garantindo que o resíduo siga o caminho correto, sem contaminação.
A destinação final de medicamentos vencidos, devolvidos, geralmente envolve a incineração em locais licenciados.
Como e onde descartar corretamente
O Sindicato orienta a população do Tocantins a seguir os seguintes passos:
*Separação: Separe em casa os medicamentos vencidos ou que não serão mais utilizados.
*Devolução na Farmácia: Leve-os a uma farmácia ou drogaria que participe do sistema de logística reversa (a maioria das grandes redes e muitas farmácias independentes possuem o ponto de coleta). Você pode entrar em contato antes para ter a certeza de recebimento.
*Embalagens: Caixas de papel e bulas que não tiveram contato com o medicamento podem ser descartadas no lixo de casa. No entanto, frascos e cartelas (blisters) devem ser entregues junto com o medicamento.
*Materiais Cortantes: Agulhas e seringas usadas (resíduos perfurocortantes) devem ser acondicionadas em um recipiente rígido (como uma garrafa PET ou lata) para evitar acidentes e, idealmente, levadas a Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou a postos de coleta específicos, pois requerem manejo especial.
O Sindicato dos Farmacêuticos do Tocantins conclui que a cooperação do cidadão é vital para o sucesso da logística reversa, transformando um risco ambiental em uma atitude de responsabilidade e cuidado com a saúde coletiva.

