deu origem à FrutaSã, considerada uma das primeiras empresas indígenas do País.
Com o processamento e comercialização de polpa de frutas, a fábrica gera trabalho e renda para seis mil indígenas das comunidades Timbira e 500 famílias que sobrevivem da agricultura familiar e do extrativismo.
A fábrica, que funciona há sete anos em Carolina, sul do Maranhão, é a vertente econômica do projeto Frutos do Cerrado, que começou em 1993 como resultado de uma parceria entre a organização não-governamental Centro de Trabalho Indigenista e a Associação das Comunidades Timbira do Tocantins e Maranhão.
"A exploração das frutas do Cerrado foi uma dica dos próprios índios, preocupados em encontrar uma alternativa econômica para conter o avanço desordenado da fronteira agrícola que ameaça o território deles. Um dos grandes méritos deste projeto foi trabalhar desde o princípio pela inclusão de famílias de agricultores familiares, igualmente prejudicadas", explica o coordenador do projeto, antropólogo Jaime Siqueira.
Buriti, murici, bacuri e mangaba são alguns dos 15 tipos de polpa processadas e congeladas pela FrutaSã e comercializadas no Maranhão por meio de uma rede solidária com projetos do mesmo tipo. A produção anual é de 130 toneladas e a renda de R$ 500 mil, por enquanto, cobre apenas as despesas para manter a fábrica funcionando e pagar as famílias indígenas e não-indígenas que trabalham na coleta.
A meta para os próximos sete anos inclui planos para triplicar a produção e diversificar a oferta com a extração de óleos vegetais, utilização de resíduos sólidos para ração e uso de sementes no artesanato.
"Os indígenas estão sendo capacitados para assumir plenamente a gestão administrativa da fábrica e, para consolidar e ampliar essa experiência, pretendemos fechar parcerias com o Banco do Brasil e o Sebrae no Maranhão. Queremos chamar atenção para outros modelos de geração de emprego e renda que possam proteger o cerrado. Este ecossistema é muito importante porque é o berço das águas e deveria ser considerado como patrimônio nacional, como a floresta amazônica e o pantanal", defende o antropólogo. O cerrado, com uma área de cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados, é cortado por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul.
Pelo trabalho de integração entre as comunidades indígenas e não-indígenas, conservação do ecossistema do Cerrado, promoção da conscientização ambiental e fixação da população na região, a FrutaSã foi a grande vencedora do prêmio CEBDS de Desenvolvimento Sustentável, na categoria Pequena Empresa, conferido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e entregue nesta quarta-feira (19) pelo gerente de Inovação e Acesso à Tecnologia do Sebrae Nacional, Paulo Alvim.
"Este reconhecimento mostra o que as micro e pequenas empresas estão fazendo na linha de produção e consumo sustentável, e o envolvimento do Sebrae comprova como a Instituição tem sido parceira na busca por um novo modelo de inclusão sócio-produtivo", destacou Paulo Alvim.
A terceira edição deste prêmio também reconheceu trabalhos nas categorias: Organização Não-Governamental; Mídia; Setor Acadêmico e Administração Pública. Cada vencedor ganhou um troféu e R$ 10 mil. A cerimônia de premiação foi realizada na quarta-feira (19) na sede da Petrobras no Rio de Janeiro.
Da redação com informações Agência Sebrae