na vida de pessoas que não têm renda fixa e nem perspectivas de emprego.
Há pouco mais de quatro meses, Helena saiu de sua própria casa e foi morar em um cômodo com os filhos adultos. A casa virou oficina, onde 11 adolescentes e mulheres da comunidade se reúnem para transformar sucata em peças de decoração, suportes para abajur, bonecas, artigos para casa (centro de mesa, tapete, porta-chaves, porta-garrafa, puxa-saco, etc.), lembrancinhas e o que mais a imaginação permitir. Aos poucos, o grupo vai se familiarizando com tintas, pincéis, ferramentas e máquinas de costura, aprendendo a gerar sua própria fonte de renda.
A casa de irmã Helena, como é conhecida na região, não é um projeto social institucionalizado, mas tem objetivos nobres, como promover a dignidade do ser humano por meio da educação e profissionalização. "Foi acontecendo", diz Helena, acrescentando que a oficina ainda não tem uma linha definida de produção e as peças desenvolvidas dependem do material recebido por meio de doação ou daquilo que é achado no lixo e na natureza.
"Tudo é útil e bem-vindo", destaca Helena, citando que todo lixo é reciclável e pode ser transformado. Garrafa PET e de água mineral, vidro, lata, copo descartável, badeja de isopor, embalagem longa vida, retalho de tecido, semente, toco de madeira, resto de fios e de linhas, meia, meia-calça, sobra de MDF e madeira, papel, jornal, revista, tinta e cola velhas são algumas das matérias-primas utilizadas.
A oficina começou a ser montada com máquinas emprestadas. Já possuem uma máquina de costura própria, uma seladora/embaladora, uma furadeira e uma lixadeira, grande parte foi doação. As demais ferramentas são trazidas pelo grupo ou cedidas por amigos.
"Minha missão é resgatar o sonho das pessoas", declara, citando que o artesanato proporciona mais do que uma fonte de renda: "é uma terapia para melhorar a auto-estima e mostrar às pessoas que elas são capazes". Assim, aos poucos, vai surgindo algo novo em Palmas. "A carência do ser humano não está na falta das coisas, mas na falta do conhecimento", filosofa.
A matéria-prima está disponível gratuitamente e tem em irmã Helena uma aliada no processo melhoria da qualidade de vida da comunidade da 307 Norte. Sem contar a contribuição, mesmo que singela, para minimizar os impactos do lixo no meio ambiente.
Helena acredita que a oficina tenha condições de abrigar cerca de 30 pessoas e busca parcerias para aperfeiçoar e ampliar o atendimento. "O vestido pode ser de chita, mas se foi feito com capricho não deixa nada a desejar para o cetim", finaliza.
Artesanato
O artesanato entrou na vida de Helena por necessidade, contribuindo para a renda familiar. No início, produzia peças para vender e conforme foi aprendendo e desenvolvendo novas técnicas, passou a dar aula, o que fez por mais de 6 anos. Já ministrou cursos em igrejas, comunidades carentes e centro de recuperação de dependentes químicos.
Colaboração - Andréa Luiza Collet
Para conhecer melhor o projeto ou ser um colaborador, faça contato com Iraci Suniga, por meio do telefone (63) 8403-9833.