A frustração e a revolta da população de Palmeiras do Tocantins com a administração do prefeito Anissé Alves de Sousa (conhecido como Zé Ademar), está denegrindo a imagem que o Partido dos Trabalhadores (PT) procurou construir durante décadas. Indignada, com a falta de seriedade no concurso público realizado em outubro, a população protocolou denúncia no Ministério Público Estadual (MPE) desde o dia 29. Dentro do PT já há quem recomende a expulsão do prefeito dos quadros do partido.
A primeira manifestação vem do presidente do PT de Tocantinópolis, o advogado Giovanni Moura Rodrigues, que na noite desta sexta-feira, 16, vai se reunir com a executiva do partido e filiados, inclusive com a presença do membro da Executiva Estadual, Donizete Nogueira, onde abordará o assunto. Para o presidente, o prefeito está merecendo expulsão não apenas pela conduta imoral na administração pública, mas por desobedecer as orientações do partido, desde as últimas eleições, quando ele apoiou Siqueira Campos.
Caso ocorra a expulsão do prefeito, dos quadros do PT, ele poderá se complicar no projeto de reeleição, porque não há mais prazo para novas filiações de quem deseja se candidatar, e não há registro de candidatura sem filiação partidária.
Voltada para o nepotismo escancarado, a administração do Município de Palmeiras do Tocantins, no norte do Estado abriga filhos, sobrinhos, genros e nora do prefeito, nos principais cargos. Pelo menos quatro pastas, com status de secretarias são ocupadas por parentes.
A começar pela Secretária de Gabinete e Secretaria de Finanças, ocupada pelos filhos, Maria dos Reis de Sousa Cunha e Raimundo Alves de Sousa Neto, respectivamente. O prefeito Zé Ademar ainda empregou na Secretaria da Saúde, a cunhada, Keila Zuleide Nogueira e o genro, Antônio Marcos Maciel Cunha, na Secretaria da Administração. Para completar, o prefeito empregou a nora, Ana Silva C. de Oliveira, na Chefia do departamento de Vigilância Sanitária, sem contar com os sobrinhos.
Na contramão do adesismo, dentre os nove vereadores o único que não foi cooptado pelo prefeito foi o vereador Francisco Nolêto Júnior (PSB). "Não compactuo com essas irregularidades e tenho me pronunciado na Câmara, inclusive contra o nepotismo, sem que nenhum outro colega tenha questionado meu posicionamento. Se alguém está fazendo política com esse concurso, não sou eu", provoca o vereador.
O vereador Júnior e a esposa, que são universitários, também fizeram o concurso, mas a exemplo de muitos, não foi aprovado, ao contrário de seis outros vereadores que fizeram a prova, foram aprovados juntamente com suas esposas e filhos com excelente colocação. Um dos autores da denúncia ao MPE, Raimundo Rodrigues Marinho Neto, apesar de possuir nível superior e ser diretor do Colégio Estadual Padre Césare Lelli no Município, também não foi aprovado.
"Parece que a senha para ser aprovado era filiar-se ao partido do prefeito (PT) ou o da primeira dama (PR). Sou consciente. Com esse concurso fraudulento o prefeito está inovando, porque assim ele pode legalizar o nepotismo", ironiza o diretor.
Dentre os vereadores da base aliada ao prefeito, apenas dois (Ismar Francisco de Oliveira - Nêgo (neopetista) e Mardônio Alves de Castro (recém integrante do PR). Numa atitude mais coerente, o vereador Nego, talvez prevendo o desgaste, não permitiu que a esposa participasse do concurso.
Além de questionarem o aspecto ético, a população também põe sob suspeita a empresa Consuldher, com sede em Porto Nacional, e responsável pela aplicação do certame. Segundo denunciantes, no final da tarde do dia 06/10/2007 (véspera do concurso), a proprietária da Consuldher teria reunido fiscais que atuaram durante a aplicação das provas, para informar que o Gabarito Oficial estaria disponível na Prefeitura, logo no dia 08. Assim, a população passou a interpretar que o gabarito já se encontrava na cidade desde o sábado, por ocasião da reunião, já que a distância entre a sede da empresa e a cidade onde se deu o concurso, é de 600 quilômetros e o gabarito não foi disponibilizado na internet.
Relação de 19 aprovados, protocolada na Promotoria de Justiça em Tocantinópolis
João Santos de Oliveira irmão da cunhada do prefeito aprovado para a função de Operador de Microcomputador;
Antônio Marcos Maciel Cunha Secretário de Administração e genro do prefeito aprovado entre os primeiros para Professor P-1;
Ana Silva C. de Oliveira nora do prefeito e Chefe de Departamento de Vigilância Sanitária aprovada para o cargo de Farmacêutica;
Keila Zuleide Nogueira Secretária de Saúde e cunhada do prefeito aprovada para a função e coordenadora escolar;
Evandro Pereira de Sousa funcionário da prefeitura e sobrinho do prefeito aprovado para Operador de Microcomputador;
João Paulo Pereira - funcionário da prefeitura e sobrinho do prefeito aprovado para Operador de Microcomputador;
Shirley Ferreira de Sousa esposa do sobrinho Evandro P. de Sousa do prefeito aprovada para o cargo de Fiscal arrecadadora;
Maria Rosaldiva Barbosa Vereadora recém-filiada ao PR 1º lugar para auxiliar de secretaria;
Manoel Lopes Nolêto Vereador da base aliada 1º lugar para motorista;
Lizany Silva Nolêto filha do Vereador Manoel 1º lugar para merendeira;
Aparecido R. de Paula Vereador aliado - aprovado para coordenador escolar;
Maria Martins de Sousa Paula esposa do vereador Aparecido aprovada para o cargo de professora normalista no assentamento Destilaria;
Benício Lourenço Vereador aliado 1º colocado para Professor P-1;
Rosenir Angeline de Sousa Esposa e 1ª Dama aprovada para Professora P-1;
Cleudimar Dias de Oliveira Vereador aliado aprovado para a função de professor nível superior;
Poliana Martins esposa do vereador Cleudimar aprovada para o cargo de atendente de consultório dentário;
Elza de Oliveira Castro esposa do vereador Mardônio (base aliada), aprovada em 1º lugar para o cargo de Supervisora Escolar;
Raimundo Alves de Sousa Neto Secretário de Finanças e filho do Prefeito aprovado para o cargo de Engenheiro Agrônomo;
Maria dos Reis de Sousa Cunha filha e Secretária de Gabinete do Prefeito, aprovada para o cargo de Assistente Administrativo.