Como sempre, da forma como lhe é peculiar, o presidente Lula utilizou suas metáforas na tarde desta terça-feira, 11, durante inauguração do projeto Manuel Alves, para quem sabe, mandar o seu recado.
Logo no início do seu discurso o presidente disse que é preciso ter muita paciência para não permitir que o nervosismo ocasional estrague um projeto que está em andamento. “Numa casa quando tem um motivo de briga entre um casal alguém tem que ter paciência porque se não o casal chega às vias de fato” e continuou, “se é uma briga com os filhos, alguém tem que ter paciência, se todos estiverem muito nervosos, se todos quiserem falar ao mesmo tempo, se todos quiserem estar certos ao mesmo tempo, vai ter algo que vai criar confusão.” Lula disse que nestes casos tem que ter alguém que tenha mais tranqüilidade, que não pode ficar nervoso e que conta até dez para tomar a decisão.
O presidente ainda fez uma retrospectiva do seu governo e disse que sabia da dificuldade e responsabilidade para se chegar à presidência da república pelos fatores históricos estabelecidos, “eu tinha que enfrentar preconceitos históricos, diria seculares. Tínhamos que enfrentar uma série de coisas, não previam, nem na sociologia brasileira, que um metalúrgico pudesse chegar à presidência”. O presidente disse que isto (um metalúrgico na presidência) não estava escrito, porque nas suas palavras, “segundo eles” (a elite) o Brasil era para ser governado por empresário, advogado, médico, professor, mas nunca por um trabalhador, “isso não estava na conta deles”.
Lula disse que perdeu eleições porque os próprios trabalhadores tinham preconceito, “nós mesmos tínhamos preconceitos contra nós”. Lula disse que é difícil convencer um trabalhador comum que ele tem competência para fazer alguma coisa porque ele aprende a vida inteira que não tem. “Nas novelas ele é lavador de carros, só é doméstica, nunca em uma posição de destaque”, disse.
Marcelo Miranda
Em seu pronunciamento o governador Marcelo Miranda enfatizou que nunca antes na história deste país, um presidente da República foi tão companheiro e visitou tanto o Tocantins, “liberando recursos, trabalhando sempre em parceria com nosso governo, para que o nosso povo tivesse mais dignidade, mais qualidade de vida e para que o Tocantins vivesse um novo tempo”.
Marcelo afirmou que, graças ao apoio do governo federal, o Tocantins é hoje um estado que se desenvolve e vem se tornando um verdadeiro canteiro de obras. Segundo ele não é só o investimento no Projeto Manuel Alves, mas no Projeto Sampaio, no São João, no Gurita e no Projeto Rio Formoso, que vão somar mais de meio bilhão em investimentos aumentando a produção do estado.
Oposição
O presidente aproveitou o evento para também fazer fortes críticas à oposição. Disse que a oposição está pensando está pensando na eleição de 2010, "só pensam naquilo, naquilo, naquilo (nas eleições). O Marcelo e eu não temos de pensar em 2010, mas no agora", afirmou.
Lula afirmou que os governadores da oposição não são discriminados pelo governo. "Pergunte ao José Serra, do PSDB, ao Aécio Neves, do PSDB (de Minas Gerais), à governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), ao Cássio Cunha Lima (PSDB da Paraíba) e ao Arruda de Brasília, do PFL [sic] (atual DEM), se nós estamos fazendo um milímetro de discriminação", disse.
O presidente ainda reclamou que a oposição derrubou a CPMF - Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, tirando do governo uma receita anual de R$ 40 bilhões. "Elas diziam: 'O Lula vai perder 120 bilhões até 2010'. É assim que funciona a cabeça de algumas pessoas no Brasil. Só pensam naquilo", afirmou.
Se dirigindo ao Ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), o presidente também disse que no próximo mês de abril lançará o programa Saúde da Família nas escolas públicas para atender as crianças brasileiras. "Onde vou arrumar dinheiro? Vai aparecer, a economia tá crescendo!!!" afirmou.
Adversários no palanque
O palanque contou com a presença de adversários políticos no estado, o senador João Ribeiro (PR), oposição ao governador Marcelo Miranda e Nilmar Ruiz (DEM), adversária do prefeito Raul Filho (PT) na capital. Aqui um fato interessante. Em menos de uma semana é a segunda vez que Nilmar se encontra com Lula. Na semana passada ela foi recebida pelo presidente com a ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Nilcéia Freire, em audiência que tratou das questões ligadas à bancada feminina do da Câmara Federal. A aproximação que Lula não consegue ter com a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) parece menos problemática com Nilmar.
Também acompanharam o presidente a Dianópolis o senador Leomar Quintanilha (PMDB), os deputados federais Lázaro Botelho (PP) e Vicentinho Alves (PR).
Umberto Salvador Coelho