No início da manhã desta terça-feira, 19, servidores públicos do Estado chegavam de todos os cantos em direção ao centro da Praça dos Girassóis, para uma manifestação. Diversas faixas, assinadas pela maioria dos sindicatos representativos dos servidores, expressavam o motivo do ato: o agradecimento pela permanência dos funcionários comissionados na administração pública, mesmo após a ameaça da extinção judicial de seus cargos.
O governador Marcelo Miranda, que tomou conhecimento da manifestação ao chegar ao Palácio Araguaia, tratava aos servidores como “novos colegas”, considerando que todos haviam sido reconduzidos aos cargos um dia antes, na segunda-feira, imediatamente depois de exonerados. No ato, Marcelo Miranda foi presenteado por uma funcionária da Casa Civil, com um exemplar do Diário Oficial, que trazia a lista das nomeações, e conclamou os servidores a começarem a se preparar para concurso público, que deve ser aberto até o final do ano.
Em discurso, o governador falou em tom confessional sobre o momento de incerteza que viveu, entre a declaração de extinção dos cargos comissionados do Estado pelo STF – Supremo Tribunal Federal e o momento da solução do caso, pelos setores jurídico e administrativo do governo. “Eu sou homem, sou filho de Deus, também tenho o direito de chorar e chorei, porque estava no dilema de saber que a decisão da Justiça tinha que ser respeitada, mas que não poderia deixar nenhum pai-de-família fora de seu cargo”, disse, em seguida acrescentando: “Quem tem que ser aplaudido não sou eu, são vocês, que têm dignificado seus salários. Agora podem voltar a trabalhar, ainda com mais vontade”, afirmou, acompanhado no palanque pela primeira-dama Dulce Miranda e por secretários de Estado.
Os servidores foram renomeados com base nas leis nº 1.950 e 1.951, aprovadas pela Assembléia Legislativa no último dia 7, que criam a estrutura e os cargos em comissão do Estado. Para respaldar o ato, uma Medida Provisória foi encaminhada à Assembléia.
Em nome dos servidores, o auxiliar de serviços gerais Júlio Soares Lacerda falou sobre a angústia de ficar sem trabalho e sobre sua responsabilidade como servidor. “Eu tenho dois filhos, minha mulher está grávida. Para um pai de família, chegar em casa e dizer que está desempregado é uma situação de desespero, mas eu continuei a trabalhar e confiei que o governo nunca seria negligente”, disse.
A secretária estadual da Educação e Cultura, Maria Auxiliadora Seabra Rezende, disse que hoje no Estado o servidor “não é considerado um número ou uma força descartável” e agradeceu ao governador pela permanência dos funcionários comissionados em seus cargos. “Os serviços públicos não poderiam ser interrompidos e agradeço, em nome dos milhares de alunos da rede pública, dos usuários da saúde, dos agricultores que ficariam sem assistência e dos 25 mil trabalhadores que ficariam sem seus empregos”, disse a secretária.