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Campo

Quadrilha usou "fantasma" para negociar propriedades. É no grupo de terras de 1.500 e 2.500 hectares que se concentra o processo de grilagem, mas onde o governo também poderá arrecadar uma fortuna ainda maior com a venda de terras por licitação.

O governo já mapeou e descobriu que apenas três grileiros dominam, pelo menos, 26 milhões de hectares na região amazônica, principalmente no estado do Pará – conhecido pela tradicional disputa de terras. A Polícia Federal já anunciou ano passado que voltará suas operações para combate ao crime ambiental na região amazônica, conforme noticiou o JB.

A força-tarefa vai colocar na mira as áreas que estão nas mãos dos três maiores grileiros do país: um deles é fantasma, "Carlos Medeiros", de cujo nome uma quadrilha se apossou e vendeu cerca de 12 milhões de hectares no Pará; o segundo maior é o empreiteiro Cecílio Rego Almeida, que se apossou de cerca de 7 milhões de hectares no Sul do Pará e se transformou no maior latifundiário do planeta; o terceiro lugar pertence ao empresário Falb Farias, "dono" de 6,8 milhões de hectares em cinco municípios do Amazonas.

Boa parte das terras públicas griladas foi transformada em projetos agropecuários ou de mineração e, embora não haja estimativa, representa outros bilhões de reais em valor de mercado.

Dantas

O número de grandes áreas griladas ainda é uma incógnita, mas o governo espera torná-las transparente na medida em que for regularizando as pequenas e médias posses. A força-tarefa que fará a vistoria tem na mira também os grandes empreendimentos rurais, como a Fazenda Santa Bárbara, no Sul do Pará, que pertence ao banqueiro Daniel Dantas. Ali, o Grupo Opportunity comprou cerca de 500 mil hectares para desenvolver um grande projeto agropecuário. Suspeita-se, no entanto, de que boa parte das terras pertençam à União e ao governo paraense.

ONG suspeita

No Amazonas, um dos alvos será a fazenda de 160 mil hectares, que pertence ao milionário sueco e consultor do primeiro ministro da Inglaterra, Gordon Brown, Johan Eliasch. Ele é o mesmo que protagonizou uma grande polêmica ao declarar que se iniciativas como a sua fossem adotadas por outros empresários europeus, seria possível comprar a Amazônia brasileira por US$ 50 bilhões, a um preço médio de US$ 30 o hectare.

Eliasch controla a ONG Cool Earth, que está sendo investigada no Brasil por estimular estrangeiros a comprar terras na região.

A MP do governo vai simplificar um conjunto de nove legislações agrárias para facilitar a regularização das terras e identificar as que forem ilegais. O governo sabe que, para driblar o limite legal sobre o tamanho das áreas, muitos fazendeiros dividiram suas terras em títulos de 2.490 hectares, a maioria deles colocados em nome de laranjas. Nos cartórios da região há uma verdadeira proliferação de posses com esse tamanho.

Fonte: Jornal do Brasil