No início de março escrevi o artigo opinativo “Candidatura Raul Filho não passa de conto do 1º de abril antecipado”. Tinha, naquela oportunidade, absoluta convicção da inviabilidade da pré-candidatura do petista. Pois bem, abril entrou, e, exatamente no dia primeiro, Raul Filho convocou a imprensa para informar o óbvio. A desistência de sua postulação ao Palácio Araguaia, depois de uma intensa novela, com direito a caravanas petistas pelo interior do Estado para discutir um evasivo seminário.
Para quem pensava que a novela petista visando as eleições de outubro já havia chegado ao fim, a decisão tomada pelo partido no sábado, 10, de lançar Paulo Mourão como pré-candidato a governador, provou que o enredo continua. O curioso de tudo é que, se antes, Raul Filho com muito maior densidade eleitoral refluiu de seu pleito, porque lançar Paulo Mourão? Um político provinciano e que para completar anda no ostracismo, sem mandato há quase dois anos.
A única explicação é que ele se dispôs ser uma espécie de boi de piranha na política, justamente para tentar sair do ostracismo e de quebra valorizar o passe do PT para negociações futuras, visando uma indicação na chapa majoritária dos partidos da base do presidente Lula no Tocantins. Um candidato de conveniência do PT. Um partidário que até pouco tempo atrás estava ameaçado de expulsão do quadro petista, por ter apoiado na eleição para prefeito em 2008, candidato contrário ao partido.
O próprio Mourão teria, segundo especulações, assinado ficha de homologação como pré-candidato a deputado federal durante o 4º Congresso Estadual do PT, que definiu as pré-candidaturas. Como se vê, nem mesmo ele pode estar acreditando nas possibilidades que Raul Filho, em seus sonhos de noite de verão, insiste em ver.
O presidente regional do PT, Donizeti Nogueira, afirmou em entrevista ao Conexão Tocantins que o partido precisa ter candidato a governador para garantir a eleição de seus candidatos na composição proporcional. Mas isto também é conversa para boi dormir. Se o partido insistir no isolamento estará completamente fragilizado e não conseguirá eleger deputados. O próprio presidente do partido, pré-candidato a deputado federal, deve saber disto.
Especula-se que o quociente eleitoral para eleição de um deputado federal no Tocantins fique em torno 80 mil votos. Aí vem a pergunta. Como um partido que na eleição passada não conseguiu passar dos 10 mil votos, apoiando para governador o senador Leomar Quintanilha, então no Pc do B, vai fazer para não jogar no lixo as perspectivas dos seus candidatos? Sabemos que uma coligação forte é metade do caminho andado para emplacar os eleitos. Foi por causa da fraca coligação na eleição passada que o atual prefeito de Colinas do Tocantins, o petista José Santana Neto, teve por volta de 35 mil votos para deputado federal e não foi eleito, por não ter atingido o quociente eleitoral.
Estes petistas precisam como disse nas entrelinhas certa vez o ex-governador Marcelo Miranda (PMDB), tirar o chapéu. Ou seria a viseira? Às vezes são muito cabeças duras, para não falar outra coisa.