O historiador e antropólogo Genilson Nolasco chegou recentemente de Portugal, onde defendeu a temática educação escolar indígena, no curso de Mestrado em Antropologia Social e Cultural: Conflitualidade e Mediação Cultural no Mundo Contemporâneo, na Universidade de Coimbra. O estudo teve como objetivo compreender o processo próprio de ensino-aprendizagem Akwẽ-Xerente e analisar a sua relação com o processo de escolarização.
Para freqüentar ao mestrado e realizar o estudo de caso, Genilson contou com uma bolsa do Programa Internacional de Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford. Suas pesquisas de campo foram realizadas na aldeia Rio Sono, localizada na Terra Indígena Xerente, a aproximadamente 75 km de Tocantínia, segundo os levantamentos históricos é uma aldeia com mais de 100 anos de existência, sendo uma das mais antigas do território Akwẽ.
Durante os dias em que o pesquisador ficou na aldeia, ele observou o dia-a-dia dos indígenas, conversou com os mais velhos, e uma dessas observações é que “ao iniciar a andar e a falar é reservada à criança certa autonomia para realizar suas experiências pelo mundo, ou seja, as crianças têm liberdade para circularem pelos vários contextos da vida cotidiana na aldeia, onde fazem suas experimentações e desenvolvem suas habilidades por meio da observação dos exemplos, do ato de repetir, pela oralidade e pelo ato de ouvir, fundamentando-se pelo respeito para com quem ensina e para com o que se aprende e, assim, se desenvolve uma educação caracterizada pelo encontro de ações humanas e pelo protagonismo do próprio aprendiz”, argumentou Nolasco.
No entanto, Genilson observou que apesar de toda a publicidade sobre a construção de escolas nas aldeias indígenas, do avanço das discussões sobre o tema no Brasil e de a legislação assegurar aos indígenas o direito de terem uma educação específica, diferenciada e autonomia para utilizarem seus processos próprios de ensino-aprendizagem nas escolas, a “pedagogia” Akwẽ-Xerente tem sido mantida a parte no processo de escolarização daqueles indígenas. “A escola tem privilegiado como método de ensino-aprendizagem a escrita e a leitura, sobretudo em língua portuguesa, livros, um espaço fixado, um tempo estabelecido para a duração das aulas, para a aplicação de conteúdos e que determina, entre outras coisas, o momento no qual o aluno irá aceder a uma nova fase”, concluiu.
Foram orientadores da dissertação, os professores Fernando José Pereira Florêncio, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e Odair Giraldin, da Fundação Universidade Federal do Tocantins (UFT). E a apresentação do trabalho em Portugal, obteve sucesso e comentários eloqüentes sobre a descrição do complexo universo do povo Akwẽ e sua maravilhosa cultura.
Fonte: Assessoria de imprensa Seciju