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Editorial

Nos últimos dias temos visto uma preocupação do presidente Lula com a Guerra Cambial estabelecida entre a os Estados Unidos e a China. Pretende apelar ao G20 por compromissos para que a iniciativa seja freada.

Não temos dúvida que a guerra cambial vai respingar na economia brasileira (veja artigo sobre o tema) e as empresas nacionais vão ter de buscar alternativas e escoar seus produtos no mercado interno. Pois no mercado internacional com a desvalorização do Dólar e do Yuan, naturalmente os produtos dos dois gigantes globais se tornarão ainda mais competitivos.

O real valorizado neste cenário tem efeito devastador na indústria nacional, acreditam alguns economistas. Concordamos com esta tese. Com a competição acirrada no mercado externo as empresas brasileiras perderão espaço e terão de dar incentivos no mercado interno para escoar seus produtos e o melhor deles, para o consumidor, será baixar os juros da compra a prazo. Consequentemente o Banco Central deverá puxar a fila baixando a taxa Selic. Temos convicção de que a equipe econômica está atenta aos resultados que possam, advindos daí, gerar índices de inflação crescentes.

Caso se confirme esta expectativa, uma queda na taxa de juros servirá para aquecer ainda mais a economia interna num primeiro momento, criando uma falsa ilusão. E os consumidores que se preparem, a coisa pode ficar boa no curto prazo. O mesmo não se pode dizer para determinados segmentos do empresariado que terão, muito provavelmente, de estar tutelados pelo governo federal.

Caberá ao próximo governo, da presidente Dilma Rousseff, as decisões para equilibrar o airbus Brasil, mantendo-o no ar, sem turbulências que possam representar a bancarrota para algumas empresas nacionais. Isto poderá afetar o nível de emprego e consequentemente se transformar em uma crise tupiniquim no médio prazo, causando desindustrialização do País.

Desindustrialização que o candidato derrotado à Presidência da República, José Serra (PSDB), vem dizendo que o País já enfrenta, como o fez em recente pronunciamento na França. Discordamos. Mas são muitos os que concordam com o grão-tucano e economistas ligados a ele (veja artigo sobre o tema).

Temos convicção que o País está passando por processo de reestruturação industrial alavancado por obras de infra-estrutura em curso. O grande problema do Brasil é investir em inovação, Ciência & Tecnologia. Produzir conhecimento, vender patentes, know-how. Não apenas commodities. Neste aspecto o investimento em educação deve ser umas das prioridades. Basta ver o processo pelo qual passou a Corea do Sul.

Na parte de infra-estrutura o governo federal, em que pese todas as críticas, tem feito o dever de casa e preparado o País. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai disponibilizar cerca de R$ 19 bilhões no financiamento do Trem de Alta Velocidade que ligará Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. A Ferrovia Norte-sul está em fase final de conclusão e a Ferrovia Leste Oeste já se encontra em fase adiantada para execução. Alem disto os investimentos em obras de geração de energia garantem anos estáveis pela frente no setor tão necessário às atividades industriais.

Na área privada empresários como Eike Batista fazem história. Com visão estratégica ele está levando adiante grandes projetos como o Superporto do Açu, localizado no município de São João da Barra, na região norte do Estado do Rio de Janeiro.

O Superporto do Açu é um terminal portuário de uso misto, no conceito de porto-indústria, que visa ter conjugado siderúrgicas, usina termoelétrica, cimenteiras, pólo metal-mecânico, usinas de pelotização de minério, unidade de tratamento de petróleo, além de retroárea para armazenamento e movimentação de produtos e até mesmo podendo ter montadoras de automóveis dentro de seu conceito.

Como se vê, o País segue seu curso natural diante do grande potencial que possui e basta juízo para a oposição ao novo governo e medidas corretas de proteção do mercado interno por parte da nova equipe ministerial que assumirá o comando do Brasil, para que nossa economia continue gerando riquezas e tirando outros milhões da pobreza.