O Brasil deu uma prova de maturidade democrática neste último domingo com manifestações civilizadas em 160 cidades, especialmente em São Paulo, onde, segundo estimativas do Instituto Datafolha, 210 mil pessoas manifestaram-se. Uma minoria defendeu a ilegalidade de uma intervenção militar que não tem amparo em nossa Constituição Federal, afinal de contas em seu artigo 142 diz que: "as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República". A maioria pediu o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas também, neste caso, sem o devido amparo legal, pois não há fatos que liguem a presidente aos esquemas de corrupção, por enquanto. Neste caso a opinião de juristas renomados do País como o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ayres Brito, é unânime.
A maioria também protestou contra a corrupção! Destes sou consorte! Mas não vi defenderem a reforma política que efetivamente pode contribuir para acabar com os escabrosos casos de corrupção partidária que assolam o País há décadas! A raiz profunda de nossa corrupção na política está dentro do Congresso Nacional onde 70% dos 594 parlamentares (senadores e deputados) foram financiados pelas 10 maiores empresas do País na última eleição. Congresso do povo? Não! Covil de ratazanas. Os presidentes que já passaram pelo Palácio do Planalto sabem a dificuldade de se lidar com aquele antro.
As manifestações também poderiam ter sido maiores uma vez que foram convocadas com mais de 30 dias de antecedência e para um domingo. Entretanto, minha opinião, uma parcela da população não aderiu em decorrência dos radicais que manifestam-se por iniciativas ilegais e ainda com um ranço de discriminação de classe.
Quanto aos manifestantes, por mais que se queira negar e a Rede Globo de televisão force a barra, são em sua ampla maioria da elite branca que quer principalmente conservar privilégios. Passarão à história como os Revoltosos das Varandas Gourmet. A manifestação na Bahia mostrou claramente isto, ao mostrar em meio a uns 6 mil manifestantes brancos, na capital Salvador, 2 ou 3 pretos apenas, mas que estavam na verdade contratados para tocar na banda de música que acompanhava o evento. Houve um transplante etnorracial da população baiana? Quem sabe não fomos avisados! Não vejo ainda diversidade nas manifestações! É fato.
*Umberto Salvador Coelho é editor do Conexão Tocantins, bacharel em Comunicação Social pós graduado em Gestão Empresarial.