A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, defendeu nesta segunda-feira (24/04), em Pequim, na China, proposta de cooperação entre os dois países para ampliar a área de florestas plantadas no Brasil. Em reunião com o diretor-geral do Departamento de Cooperação Internacional da Administração Nacional dos Recursos Florestais, Su Chunyu, lembrou que a área de florestas plantadas no Brasil não supera 1% do território nacional, apesar da silvicultura ser uma das atividades mais rentáveis do País.
No Brasil, a demanda por madeira de
florestas plantadas é de cerca de 700 mil hectares por ano, mas a produção
anual não supera 300 mil hectares. Tocantins e Mato Grosso do Sul são os
Estados que mais crescem em termos de produção de madeira plantada. As
condições climáticas no Brasil permitem que sejam feitos pelo menos três cortes
das florestas plantadas no prazo de 21 anos.
De acordo com Chuny, muitos empresários de seu país manifestam interesse em
investir em florestas plantadas no Brasil, mas, acrescentou, o desconhecimento
sobre o marco legal brasileiro tem impedido os investimentos chineses na
atividade. Na reunião, a presidente da CNA explicou que a votação final do
Código Florestal na Câmara dos Deputados, que deve ocorrer nos próximos dias,
garantirá segurança jurídica aos investimentos nessa e em outras atividades
agropecuárias. Lembrou que o Brasil tem 61% de seu território preservado com
vegetação nativa, condição que será mantida com o novo Código Florestal. A lei
chinesa para a silvicultura é de 1985, texto que foi revisado nos últimos anos,
segundo as autoridades da China.
Na reunião, a presidente da CNA fez um balanço sobre o Projeto Biomas,
desenvolvido em parceria pela CNA e a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae), Monsanto, John Deere e Vale Fertilizantes. O
projeto, desenvolvido nos seis biomas brasileiros, permitirá o desenvolvimento
de tecnologias que garantam a incorporação das árvores ao sistema produtivo,
permitindo o aumento da produção de grãos, carnes e frutas com
sustentabilidade. O projeto demandará investimentos de mais de US$ 20 milhões.
A senadora Kátia Abreu convidou o diretor-geral do Departamento de Cooperação
Internacional da Administração Nacional dos Recursos Florestais e sua equipe
para conhecerem o estande do Projeto Biomas durante a Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece em junho, no
Rio de Janeiro.
Na Rio +20, cientistas de vários países pretendem elaborar um documento para
tratar da preservação das nascentes e das margens de rios em todo o mundo,
contou a senadora Kátia Abreu, durante a reunião desta segunda-feira. “Os
europeus cobram de todos os países, mas não discutem o replantio de árvores nas
margens de seus rios. A idéia não é impor parâmetros para a preservação dessas
áreas, mas ressaltar a importância da vegetação para preservar os recursos
hídricos”, explicou a presidente da CNA. Acrescentou que cada país decidirá de
que forma serão definidas as faixas de preservação. A senadora Kátia Abreu
falou, ainda, sobre a integração lavoura-pecuária-floresta, sistema que permite
aumento de produtividade no Brasil.
Lei ambiental
Brasil e China estão entre os únicos países do mundo que têm
legislação ambiental. Na China, ao contrário do Brasil, as faixas de
preservação nas margens dos rios são definidas após a avaliação das
características de cada rio. Outra diferença é que os produtores chineses são
indenizados pelo Governo Central quando preservam suas áreas. Por ano, o
subsídio é de 150 yuans (cerca de R$ 45,00) por hectare por ano. Esse valor
pode ser ainda maior, se considerados outros subsídios oficiais.
Agenda
Nesta terça-feira (24/04), a comitiva da CNA estará com a vice-ministra da Agricultura da China, Zhang Yuxiang, para conhecer e discutir o sistema de irrigação, a extensão rural e a aqüicultura da China. Também está programada uma reunião com o vice-ministro da Administração Geral de Supervisão da Qualidade, Inspeção e Quarentena (AQSID), Wei Chuanzhong. Acompanham a presidente da CNA, o vice-presidente e diretor de infraestrutura e logística da entidade, José Ramos Torres de Melo, e os presidentes das Federações da Agricultura do Acre, Assuero Doca Veronez, do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, de Roraima, Almir Sá, e de Santa Catarina, José Zeferino Pedrozo. (Assessoria de Imprensa da Senadora Kátia Abreu)