O presidente da Câmara Municipal de Lagoa da Confusão, Vagner Teodoro de Oliveira, conhecido como “Waguinho” (PSD), negou durante entrevista ao Conexão Tocantins, nesta terça-feira, 21, que tenha agredido o jornalista e assessor de imprensa da Prefeitura de Lagoa da Confusão, Willian Borges, com socos e pontapés.
O jornalista informou que estava prestando serviço para a Prefeitura ao acompanhar uma equipe de TV que fazia reportagem sobre denúncias com relação à saúde pública no município. Segundo o jornalista, na ocasião, ele fazia fotografias no local quando foi surpreendido pelo vereador que tentou tomar seu equipamento de trabalho e o agrediu.
O presidente da Câmara, entretanto, afirma que os fatos não passam de perseguição política por parte da atual gestão do município. Segundo ele, os fatos aconteceram quando ele acompanhava a equipe de TV que estava no local para fazer uma reportagem sobre a morte de uma criança no hospital do município, por falta de medicamentos. “Morreu uma criança no hospital por falta de medicamento e eu chamei a imprensa para acompanhar”, diz Oliveira.
Ainda segundo o presidente da Câmara, o assessor de imprensa Willian apareceu no local para fotografar a cobertura e foi quando começou um tumulto. “Uma outra pessoa tentou tirar a máquina dele e ele começou a gritar: ‘imprensa, imprensa, estão me agredindo’”, afirmou Oliveira, que diz ainda conhecer a pessoa do atrito, porém, sem saber o nome, e que o agressor seria também do grupo do atual prefeito, Neto Lino. “A pessoa é do grupo deles, do prefeito”, salientou.
Questionado sobre os socos e pontapés e sobre as escoriações que o jornalista Willian teria sofrido, Oliveira disse que todas as testemunhas podem afirmar que não aconteceu o relatado pelo jornalista. Oliveira admite apenas que o jornalista tenha sofrido as escoriações na mão. “O machucado na mão foi na hora que ele estava brigando”, disse.
Jornalista reforça denúncia
Já o jornalista Willian Borges, em entrevista ao Conexão Tocantins, voltou a reforçar as agressões sofridas e disse que vai mover uma ação por danos morais contra o presidente da Câmara. Segundo Willian, foi feito o exame de corpo delito e constatadas lesões na mão, antebraço esquerdo, coxa esquerda, costas e cabeça. Segundo o jornalista foi uma enfermeira que chamou a polícia no momento da agressão.
Atentado
Não é a primeira vez que um jornalista é envolvido em ato de violência no município de Lagoa da Confusão. Em 2003 o jornalista e dono do jornal Notícia em Ação, Ary Oliveski, sofreu um atentado a tiros na avenida principal da cidade. Na oportunidade Ary levou seis tiros, mas conseguiu sobreviver. O atentado nunca foi esclarecido e Ary veio a falecer em 2008, no dia 10 de março, de causas naturais, sem, entretanto, ver punidos os seus algozes.
Segundo um morador do município que pediu anonimato por medo de retaliações, um dos responsáveis pelo atentado não tem sequer o temor de falar sobre o caso nos bares da cidade.
Sindicato dos Jornalistas
O Sindicato dos Jornalistas do Tocantins (Sindjor-TO) se posicionou sobre os fatos informados e emitiu nota onde alerta a sociedade tocantinense para a ameaça real que representa à democracia a intimidação de jornalistas. Na nota o Sindicato lamenta o episódio e reafirma a solidariedade ao jornalista, ressaltando ainda que, “a verdadeira democracia exige dos agentes políticos a aceitação da crítica”.
O Sindicato conclui a nota afirmando que o Jornalismo é, "por essência, uma atividade que busca lançar luz sobre fatos obscuros para os cidadãos” e conclama a sociedade tocantinense a ficar vigilante contra qualquer tentativa de tutela que queiram imprimir ao Jornalismo. Confira abaixo a nota na íntegra.
Nota
Intimidação a jornalistas é atentado às liberdades de expressão e de imprensa
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Tocantins –Sindjor/TO vem a público alertar a sociedade tocantinense para uma ameaça real à democracia: a intimidação a jornalistas. O Jornalismo é uma atividade essencial à constituição da cidadania e qualquer tentativa de impedir sua realização fere o direito à informação e o direito à livre manifestação de pensamento assegurados a todos os cidadãos na Constituição Federal.
O Sindicato dos Jornalistas do Tocantins lamenta o episódio ocorrido na última segunda-feira, dia 20, na cidade de Lagoa da Confusão, em que o jornalista Wiliam Borges, no exercício da profissão, foi agredido fisicamente pelo vereador Vagner Teodoro de Oliveira, conhecido como Waguinho (PSD). A atitude do vereador, que tentou tomar o equipamento de trabalho do jornalista, agredindo-o com socos e pontapés, é um atentado às liberdades de expressão e de imprensa.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Tocantins reafirma, nesta oportunidade, sua solidariedade ao jornalista Wiliam Borges pelo ataque sofrido, ao mesmo tempo em que coloca sua assessoria jurídica à sua disposição para as ações judiciais cabíveis.
O Sindicato dos Jornalistas do Tocantins ressalta que a verdadeira democracia exige dos agentes políticos a aceitação da crítica. Ressalta também que o Jornalismo é, por essência, uma atividade que busca lançar luz sobre fatos obscuros para os cidadãos. Ao mesmo tempo, conclama a sociedade tocantinense a ficar vigilante contra qualquer tentativa de tutela que queiram imprimir ao Jornalismo, atividade que é um dos pilares de Estado de direito e da própria democracia.
A DIRETORIA DO SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO ESTADO DO TOCANTINS.
PALMAS, 21 DE AGOSTO DE 2012