A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA),
senadora Kátia Abreu (PSD-TO), defendeu nesta última segunda-feira (05/08), em
Brasília, uma parceria entre Brasil e Estados Unidos – os dois maiores
produtores mundiais de alimentos –, com o objetivo de ampliar o comércio
agropecuário. “Os dois países podem estar unidos e vender seus alimentos, que
são produzidos de forma sustentável e com qualidade”, sugeriu a senadora ao
secretário de Agricultura dos EUA, Thomas Vilsack.
O secretário de Estado chefiou a delegação de 20 autoridades do governo e do
Congresso norte-americano, que visitou oficialmente a presidente da CNA nesta segunda-feira.
Durante o encontro de quase duas horas, realizado com o objetivo de fortalecer
parcerias entre as duas nações, Thomas Vilsack reforçou a importância do
trabalho conjunto. “Minha mensagem para os produtores rurais brasileiros é
muito simples: nós não os vemos como competidores e, sim, como parceiros”,
disse o secretário.
Além de Vilsack, participaram da reunião a senadora do partido Democrata,
Debbie Stabenow, que preside o Comitê de Agricultura do Senado americano, e o
senador republicano Roy Blunt. Na conversa, também foi abordada a possível
parceria em torno das questões relacionadas aos alimentos geneticamente
modificados. Um dos objetivos é levar informações científicas e mostrar, em
especial aos europeus, que têm resistência aos produtos produzidos por meio da
biotecnologia. O posicionamento da Europa influencia outros países, o que,
segundo a presidente da CNA, justifica a necessidade de um trabalho
“harmônico”. “Precisamos nos unir e mostrar, cientificamente, que a
biotecnologia não prejudica a saúde”, afirmou.
Citando a necessidade de ampliação da produção de comida nos próximos anos para
garantir o abastecimento mundial – meta definida pela Organização das Nações
Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) –, a presidente da CNA ressaltou o
papel do Brasil e dos Estados Unidos diante desse desafio. “Podemos caminhar
juntos para atender à demanda mundial, produzindo alimentos baratos e de
qualidade, sem agredir o meio ambiente”, afirmou.
Questões relacionadas à logística também foram abordadas durante o encontro. A
presidente da CNA lembrou que os investimentos feitos em tecnologia
agropecuária no Brasil compensaram “outras dificuldades”, especialmente às
relacionadas à infraestrutura logística deficitária. Essa também foi a
percepção do senador Roy Blunt, que já havia visitado o país dez anos atrás.
Segundo ele, o crescimento da produtividade do setor agropecuário “passou por
cima” dos problemas de infraestrutura do Brasil. Ele se declarou impressionado
com o extraordinário crescimento da agricultura brasileira nesta última década.
Kátia Abreu contou aos integrantes da delegação que os produtores brasileiros
passaram a produzir em outras áreas que não as tradicionais, sem contar, no
entanto, com meios que garantissem o escoamento da produção. As dificuldades
para transporte impactam diretamente nos custos. No Mato Grosso, que colhe 10%
da safra mundial de soja, 50% do custo é com frete. Os problemas de logística,
segundo a senadora, serão solucionados com os investimentos já anunciados pelo
Governo federal.
A senadora Debbie Stabenow afirmou que a infraestrutura de logística dos
Estados Unidos está consolidada, pois estradas, ferrovias e portos foram
construídos há 100 anos. Ela disse, no entanto, que esses sistemas precisam ser
reconstruídos e que a situação atual dos Estados Unidos não é favorável a esse
debate. “Estradas, ferrovias e portos precisam ser refeitos, mas o momento
atual é de restrições orçamentárias”, afirmou.
Além da senadora Kátia Abreu, participaram da exposição sobre a agropecuária
brasileira o vice-presidente diretor da CNA e presidente da Federação da
Agricultura do Mato Grosso do Sul (Famasul), Eduardo Riedel, a quem coube citar
as boas as perspectivas de crescimento da produção de carnes e grãos até a
safra de 2022/2023.
Em seguida, falou o presidente do Instituto CNA, Moisés Gomes, que destacou os
investimentos na utilização de práticas de baixo carbono e a queda do
desmatamento no Brasil.
Também estiveram presentes à reunião o diretor executivo da Agência de Serviço
Agrícola Estrangeiro, Phil Karsting; o ministro conselheiro da Embaixada dos
Estados Unidos em Brasília, Todd Chapman, além de outros parlamentares,
representantes do governo dos Estados Unidos e da Embaixada norte-americana no
Brasil.