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Opinião

Foto: Divulgação

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O Brasil está a alguns meses das eleições ainda sob influência dos protestos de rua, o que pode ser positivo se a reflexão dos fatos despertar maior interesse de participação popular na política.

Manifestação é uma forma de participação, porém não a mais eficiente, porque as mudanças políticas pretendidas e reclamadas continuam dependentes da vontade dos políticos atuais.

O que precisa ocorrer é a reforma dos políticos, dos que fazem política, dos que comandam as instituições políticas. Isso somente se alcança por meio dos partidos.

As legendas andam com conceito em baixa, é verdade, e são em parte culpadas pelas disfunções da política brasileira. Porém, é forçoso admitir que boa parte da sociedade se distanciou da vida partidária e, ao assim agir, indiretamente contribui para essa situação. Na democracia os partidos são instrumentos legítimos para a disputa política, pois é através deles que são escolhidos os representantes que decidem os rumos do país. Qualquer solução para a crise das instituições deve contemplar obrigatoriamente mecanismos que promovam maior sintonia entre partidos políticos e sociedade.

Para a transformação de consciência ocorrer é necessária a renovação de ideias e ideais, é imperioso que se renovem os atores da cena; para alteração do pensamento e da ação o caminho é a participação, que se efetiva através do debate e discussões na esfera partidária. Está havendo uma carência de participação popular no quadro partidário dominado por políticos personalistas, que se transformaram na essência dos partidos.

Independentemente de o número de siglas ser demasiado alto e a maioria sem ideologia clara e definida, o que importa é levar aos partidos ideias e convicções novas, fortes e representativas. Democracia somente se consolida com partidos fortes. Este é o princípio para  transformações.

É necessário o surgimento de novas lideranças partidárias, descomprometidas com a reprodução do fisiologismo e das práticas patrimonialistas. Será preciso empreender um processo de revitalização das legendas com objetivo de torná-las mais democráticas e mais férteis no debate do programa partidário. Esse esforço só será possível se o preconceito for quebrado e se pessoas que têm atuado na vida pública, mas que se mostram alheias aos partidos, decidirem participar do processo eleitoral. O nascimento de novas lideranças, genuinamente comprometidas com o interesse público, fará com que as legendas voltem a cumprir sua precípua função na democracia.

Manifestação de rua como ato de reclamar e exigir mudanças é salutar, mas em si não tem força para mudar, apenas pressionar. Portanto, usar essa energia para contribuir com mudanças é mais eficaz.

Se não houver renovação, a política viciada, as ideias personalistas e corporativas continuarão. Quem se omite de participar para mudar não terá o direito de reclamar da continuidade dos desacertos e mazelas.

O alienamento político-partidário, notadamente entre os jovens,decorre da carência de informação e preparação, tarefa esta que se deve iniciar no período escolar como qualquer formação básica.

Portanto, está muito clara a necessidade da adoção de disciplina pertinente na grade curricular do ensino médio nas escolas públicas e particulares. Além de preparar o jovem para seu primeiro voto haverá o objetivo pedagógico da transmissão dos conceitos de política, cidadania, direitos, deveres e participação com aprimoramento do conhecimento e motivação da juventude, a qual se tornará elemento multiplicador da verdadeira e correta prática da política cidadã, cujo exercício é fundamental, tanto no cotidiano individual quanto na gestão pública.

*Luiz Carlos Borges da Silveira, ex-deputado federal e Ministro da Saúde, atual Secretário do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Emprego do Município de Palmas-TO