A comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Tocantins e o Centro de Direitos Humanos de Palmas (CDH) irão acompanhar o caso de Diego da Silva Lima, de 25 anos, morto no dia 21 de maio deste ano em uma ação policial em uma chácara na TO-020, na saída para o município de Aparecida do Rio Negro.
Os membros da OAB e do CDH foram procurados pela mãe da vítima, Jaídes Pinto da Silva Lima, que solicita acompanhamento jurídico e apoio no decorrer da investigação que está em curso. Dona Jaídes teme retaliações durante o desenrolar do processo, já que, segundo ela, o filho teria sido vítima de abuso policial.
O caso
Diego da Silva Lima foi morto pela polícia no último dia 21 acusado de participar do roubo de uma caminhonete no setor Santa Fé no dia 17 de maio.
Segundo a versão narrada pelos policiais, Diego e mais três suspeitos, após roubarem a caminhonete, se esconderam na chácara na TO-020. Após montar campana no local os policiais decidiram agir. Na abordagem os suspeitos teriam fugido pela mata trocando tiros com os policiais. Diego, ao ser localizado pelos militares, teria se recusado a se entregar e continuou a atirar contra a polícia usando um revólver calibre 38.
Na troca de tiros Diego foi atingido e morreu no Hospital Geral de Palmas. Os outros três suspeitos conseguiram fugir. “Meu filho deu entrada no HGP como indigente, mas isso é estranho porque ele sempre andava com os documentos pessoais. Os policiais deixaram o corpo do meu filho lá e não voltaram pra prestar mais nenhuma informação”, declara a mãe de Diego.
De acordo com Dona Jaídes, ao chegar no Instituto Médico Legal (IML) para fazer o reconhecimento do corpo, no dia 22 de maio, observou que o filho apresentava vários hematomas, o quê, segundo ela, revela ter havido abuso por parte dos policiais na abordagem ao rapaz.
A mãe declara ainda que testemunhas teriam garantido que Diego e os demais suspeitos não estavam armados quando os policiais chegaram e que, portanto, não poderia ter havido troca de tiros. Conta ainda que o filho não sabia dirigir e que não era habilitado e não poderia ter roubado a caminhonete como relata a polícia. “Nas condições em que meu filho estava era impossível que ele tivesse resistido à ação da polícia. Ele foi até aquela chácara a convite dos filhos do dono do local. Ele prestava alguns serviços lá e era comum ele se encontrar com os amigos lá para acampar na mata", diz.
Investigação
Dona Jaídes diz que até agora ninguém prestou esclarecimentos à família quanto aos fatos e que não foram apresentadas provas da participação de seu filho no roubo da caminhonete. A mãe fez uma denúncia na Corregedoria da PM no último dia 26 e foi informada que a corporação tomaria as devidas providências no caso.
Temendo retaliações durante as investigações, por se tratar de uma denúncia de abuso policial, Jaídes também procurou amparo do Centro de Direitos Humanos de Palmas e da Comissão de Direitos Humanos da OAB. “Nós não podemos dizer se Diego é ou não inocente, mas vamos dar apoio jurídico e acompanhar o processo juntamente com a família para que o caso não seja abandonado e esquecido”, declara a presidente do CDH de Palmas, Maria de Fátima Dourado.
Já o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Deocleciano Gomes, diz que “a comissão irá encaminhar requerimentos ao Ministério Público e à Secretaria Estadual de Segurança Pública para que o caso seja devidamente investigado. Vamos também solicitar mais diligências para apuração dos fatos para conseguir dar respostas à família”, disse. (Ascom OAB)