Segue até esta sexta-feira, 4, o II Simpósio sobre Impactos da Violência na Infância que debate acerca das violências psicológica, física, sexual e de negligência contra crianças, abordando os impactos causados no processo de formação e desenvolvimento a necessidade do fortalecimento das políticas públicas.
Durante o evento está sendo apresentado o novo serviço de Atenção Especializada à Criança em Situação de Violência (Savi) disponível no Hospital Infantil de Palmas (HIP). Por meio do serviço as crianças de 0 a 11 anos, 11 meses e 29 dias que sofrem ou já sofreram algum tipo de violência podem ser atendidas por uma equipe multiprofissional composta por médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e farmacêuticos capacitados para atender às crianças em variadas situações.
Durante a abertura que ocorreu na manhã desta quinta-feira no auditório da Unitins, o subsecretário de estado da Saúde, Gustavo Bottos, elogiou o trabalho realizado pela equipe do Savi e abordou a problemática que envolve a violência infantil. “O trabalho da equipe é apaixonante. Infelizmente temos que tratar desse tema e, enquanto profissionais, temos que nos qualificar, nos preparar para atender e tentar minimizar os danos. O problema existe e é uma questão arraigada, sociocultural, que por uma série de fatos históricos se faz presente em nossa realidade. Precisamos disseminar essa conscientização”, disse.
De acordo com a representante da Área de Saúde da Criança do Ministério da Saúde, Aline Aguiar, desde 2001 a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a violência infantil como questão de saúde pública. “Muita coisa já foi feita, mas temos a necessidade de qualificar melhor o serviço. Muitas vezes quem deveria educar e proteger, violenta, e isso causa uma confusão maior na vida da criança", ressaltou, acrescentando que é necessário o fortalecimento da rede para a prestação de um atendimento humanizado.
A médica ginecologista e coordenadora do Serviço de Atendimento à Vítima de Violência Sexual da Maternidade Municipal de Manaus Dr. Moura Tapajós, Zélia Maria Campos, lembrou que um serviço bem estruturado evita que a vítima de qualquer tipo de violência passe por revitimização. “Não tem outra forma de agirmos se não for trabalhando a cultura da paz, que começa dentro de nós. Não podemos deixar que aconteça tanta revitimização, por isso a necessidade de um serviço específico”, disse.
Para o subsecretário da Secretaria de Estado da Segurança Pública, Abzair Antonio Paniago, que também participou da abertura do evento, o caminho é a prevenção. “Quando falamos em violência enxergo o fim da linha. A violência é como se fosse uma doença, temos que combater o início dela, prevenir, e quanto mais falamos de violência mais significa que a nossa sociedade não está sadia”, destacou.
A coordenadora do Savi, Rosivânia Tosta, explicou que a primeira infância, período que corresponde de 0 a 4 anos, é crucial para o processo de formação do caráter. “Quando olhamos para uma criança precisamos vê-la com um ser completo, integral, precisamos olhar o emocional dessa criança, as relações familiares, o desenvolvimento como um todo. A primeira infância é fundamental para os aspectos físicos, sociais, linguísticos. É um período determinante”, explicou.
Também participou da abertura do evento a promotora de Justiça de Palmas, Zenaide Aparecida da Silva.
Atendimento Savi
A equipe do Savi realiza o acolhimento e o atendimento, providencia os encaminhamentos para exames e medicação de acordo com as necessidades e especificidades de cada caso, conforme as diretrizes e legislações vigentes. Também realiza a notificação, seguida do acompanhamento ambulatorial e acessa a Rede de Atenção, composta por serviços do Conselho Tutelar, Delegacia da Criança e do Adolescente, Instituto Médico Legal, dentre outros que se fizerem necessários.
A diretora geral do HIP, Leiliane Alves, ressaltou que toda a equipe está capacitada para o atendimento e que por conta disso sabe identificar as crianças que são vítimas de violência. “Muitas vezes a criança chega ao hospital por outro motivo, mas logo depois se descobre ali uma vítima de violência. O Savi veio por essa questão”, disse ela.
O Savi do Infantil funciona todos os dias, das 7 às 19 horas e as notificações feitas são enviadas ao banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e ao Conselho Tutelar.