Para conscientizar pais e crianças que estão no Hospital Infantil de Palmas (HIP), a equipe do Serviço de Atenção Especializada à Criança em Situação de Violência (Savi) da unidade e um grupo teatral formado por acadêmicos de enfermagem e nutrição realizou nesta quarta-feira, 18, uma apresentação lúdica e musical sobre um tema que é realidade para centenas de crianças e adolescentes: o abuso e exploração sexual infantil.
Durante a apresentação, o grupo, juntamente com as crianças, cantaram músicas que faziam alusão ao tema e falavam sobre maneiras de se proteger e evitar esse tipo de ocorrência.
Wesla Nunes, que acompanha o filho de sete anos internado com problema nos rins, assistiu atenta a apresentação e disse que conversar sobre o assunto é prevenir que a situação ocorra com outras crianças no futuro. “Achei maravilhoso, muito interessante, porque tem pessoas que escondem, não querem falar sobre o assunto e hoje aprendemos que precisamos falar e denunciar. A equipe ajuda muito, são bons profissionais. Eu sempre falo para meus filhos que se alguém mexer com eles tem que falar pra gente”, disse.
Aparecida da Cunha trouxe o filho do estado do Pará para fazer uma cirurgia e reforçou que os pais devem criar um vínculo de confiança com os filhos para que eles não tenham medo de contar, caso algo aconteça. “Eu sou mãe e acho que é necessário falar sobre isso. Agradeço a Deus que isso nunca aconteceu na minha família. Para mim, essa foi uma linda apresentação. Acho também que os pais devem conversar com os filhos, pois muitos problemas podem ser resolvidos. Às vezes a criança fica com vergonha de falar, por isso os pais devem ser amigos, construir uma confiança”, disse.
A psicóloga e coordenadora do Savi, Rosivânia Tosta, em sua fala direcionada às crianças e pais, reforçou que o problema é grave e pode causar muitos distúrbios na vida de uma criança que foi abusada sexualmente. “Devemos abrir nossos olhos para essa realidade que infelizmente afeta centenas de crianças e adolescentes. Esquecer é permitir e lembrar é proteger e enfrentar”, disse.
A coordenadora explicou também que o Savi do Hospital Infantil atende aos quatro tipos de violência: física, sexual, de negligencia e a violência psicológica. “As crianças têm direito de serem respeitadas e educadas em um lar com carinho e amor, sem precisar que batam nelas. Devemos explicar que o corpo é um tesouro que precisa e tem que ser guardado. Contem aos pais se alguém quiser tocar em vocês”, reforçou.
A diretora do HIP, Leiliane Alves, também reforçou que o hospital tem empreendido esforços para dar assistência a crianças vítimas de abuso sexual. “Temos uma preocupação muito grande com essa questão da violência na infância e o Savi tem se colocado a frente desse serviço de forma bastante comprometedora. Promovemos esse dia para conscientizar principalmente os pais sobre a importância do cuidado que tem que ter com seus filhos e do trabalho que o hospital infantil hoje oferece para essas crianças vitimas de violência” destacou.
Savi
Funcionando todos os dias de 7 às 19h, o Savi do Hospital Infantil de Palmas, realiza o acolhimento e o atendimento a crianças vítimas de violência, providencia os encaminhamentos para exames e medicação de acordo com as necessidades e especificidades de cada caso, conforme as diretrizes e legislações vigentes, realiza a notificação, seguida do acompanhamento ambulatorial, acessa a Rede de Atenção, composta por serviços do Conselho Tutelar, Delegacia da Criança e do Adolescente, Instituto Médico Legal, dentre outros que se fizerem necessários.
No ano passado, o Savi registrou de junho a dezembro, 45 atendimentos de violência contra a criança, sendo 14 de violência sexual. Os dados do primeiro quadrimestre desse ano registram quase 80 atendimentos, 23 a vítimas de violência sexual.
