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Saúde

Foto: Divulgação

De acordo com a Defensoria Pública do Tocantins (DPE), a superlotação, aparelhos quebrados, falta de equipe médica e de insumos e materiais, têm gerado problemas ainda piores no Hospital Geral de Palmas (HGP). A situação mais grave é na área da Hemodinâmica, onde pacientes em situação de risco deveriam realizar exames de cardiologia, neurologia e muscular para identificar doenças ou a possibilidade de um infarto, ou até mesmo determinar a exata localização de uma obstrução nas artérias. Porém, diversos exames e procedimento não estão sendo realizados por falta de insumos e materiais. Além disso, os pacientes estão recebendo alta do hospital sem a devida assistência de saúde, levando-os até ao óbito, em alguns casos, segundo a DPE. 

A questão foi apurada na quinta-feira, 22, após vistoria do defensor público Arthur Luiz Pádua Marques, coordenador do Nusa – Núcleo Especializado de Defesa da Saúde, na unidade de saúde. Somente no momento da vistoria, foi detectado que existem cerca de 20 pacientes internados no hospital desassistidos, que aguardam a realização de procedimentos por até dois meses, mas que a realização dos mesmos não é possível por falta de material. Por conta da gravidade de alguns casos, pacientes estão indo a óbito diante da espera.

Inúmeros relatórios encaminhados à Sesau – Secretaria Estadual de Saúde expõem que pacientes em risco necessitam de exames básicos e material para a realização de um procedimento, porém, a falta de materiais impede que tais procedimentos sejam realizados e, por isso, os mesmos estão recebendo alta. Tais relatórios são encaminhados e aguardam respostas de até mais de um ano para providência na Sesau, sendo que tratam de materiais que muitas vezes não oneram tanto aos cofres públicos.

É o caso, por exemplo, de alguns documentos que pedem um campo plástico para não molhar os equipamentos, onde cada plástico custa apenas R$ 0,49. Ele foi solicitado à Secretaria de Saúde pela equipe técnica do hospital, porém, diante da demora na compra por mais de dois meses, um dos equipamentos estragou e a reforma está orçada em quase R$ 50 mil. Por conta do valor, o Estado alegou que não será possível consertar o equipamento por falta de verba e, por causa disso, outras máquinas estão sendo utilizadas em substituição, porém, algumas delas expõem os pacientes a mais radiação.

Material

Ainda de acordo com a Defensoria Pública, faltam materiais importantes para os procedimentos cirúrgicos como um cateter, por exemplo. Pela falta dele há mais de seis meses no HGPP, um paciente teve a perna amputada porque o cateter não foi retirado. Já o paciente L.F.A. chegou ao hospital necessitando trocar a bateria de um marca-passo ressincronizador, porém, no último processo licitatório o item foi retirado do pregão por ser um produto caro. Ele ficou oito anos com o marca-passo antigo e, seis meses antes de vencer, procurou o hospital para trocar a bateria. Após o envio de diversos ofícios e relatórios, os médicos alertaram à Sesau a urgência de comprar a bateria para realizar a troca, trazendo risco à vida do paciente, visto que caso o marca-passo desligasse, o paciente viria a óbito. Porém, após meses de espera na compra do material, o paciente morreu no banheiro do hospital, vítima de uma parada cardíaca.

Além disso, laboratórios também não estão realizando exames por falta de pagamento do Estado, os funcionários não recebem plantão extra há mais de seis meses e não há alimentação para os funcionários. Diante da gravidade do caso, o Nusa oficiou o Estado. O documento foi protocolado nesta sexta-feira, 23, e estipula o prazo de cinco dias para providências. (DPE)