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Estado

Foto: Loise Maria/ DPE

Foto: Loise Maria/ DPE

Cerca de 30 famílias habitam a área intitulada como Gleba Cocal – 2ª Etapa, a cerca de 80 quilômetros de Rio do Sono. Há registros de moradores que estão na região desde 1955, que detém a posse da terra, mas ainda lutam na Justiça pela propriedade da área. A Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE/TO) acompanha o processo judicial de reintegração de posse e nessa segunda-feira, 10, houve atendimento coletivo aos representantes das famílias. O atendimento foi realizado pelos defensores públicos Pedro Alexandre Conceição, coordenador do DPAGRA – Núcleo da Defensoria Pública Agrária, e Isabella Faustino Alves, titular da Defensoria em Tocantínia, na sede do CRAS – Centro de Referência de Assistência Social em Tocantínia.

Na ocasião, os defensores públicos repassaram orientações aos moradores, tiraram dúvidas e colheram depoimentos para acrescentar provas no processo judicial, que está parado na Justiça há um ano. O processo de reintegração de posse foi apresentado pela Defensoria em 18 de abril de 2016, mas até o momento não foi designada audiência para tratar do caso. "Com o relatório social elaborado pela Defensoria Pública a partir dos depoimentos desse atendimento, passamos a ter novas provas para acrescentar ao processo. Vamos entrar em contato com o Judiciário e solicitar prioridade nesta ação, com o agendamento de audiência", relata. Além disso, a defensora pública colocou a regional da Defensoria Pública em Tocantínia à disposição dos moradores para facilitar o atendimento em região mais próxima dos moradores.

Conflitos

De acordo com Januário da Silva, as famílias passam por conflitos agrários na área há mais de 20 anos, enfrentando casos de violência, como incêndio nos barracos e até ameaças de morte. Primeiro morador da área, Sirivelho Ferreira conta que reside na região, onde criou os três filhos. “A gente tem medo até de dormir porque tem ameaças o tempo todo. Eles entram na terra, abrem o colchete e ficam o tempo todo circulando sem autorização, ameaçando as famílias”, complementa.

O principal problema relatado pelos moradores foi o desmatamento na área. “Sábado passado mesmo chegaram com moto-serra derrubando um monte de árvores. Nós que moramos lá e temos a posse ficamos atentos às questões ambientais, já denunciamos às Polícia Ambiental, mas a informação é de que o carro está quebrado e nunca foram ao local para fiscalizar”, denuncia o produtor rural José da Silva Paiva.

Propriedade

De acordo com o coordenador do DPAGRA, há dúvidas quanto à propriedade da área, pois os moradores possuem a posse, a Terra Legal afirma que a área é da União e o Itertins afirma que é do Estado. "Os moradores ingressaram com um pedido de regularização fundiária junto ao Governo Federal por estar registrada em nome da União, fizeram o georrefenciamento e estavam com o processo em fase final, quando o Itertins emitiu um título sobre a área. Diante disso, a Defensoria entrou com o processo de reintegração de posse, que aguarda posição judicial", explica Pedro Alexandre. O defensor público lembra também que, a partir de então, começaram as ameaças aos moradores. "Durante o período de 2016 tivemos vários relatos de capangas, desmatamento e violência no campo. Inclusive, acionamos a Ouvidoria Agrária Nacional e a Delegacia Civil Agrária para tentar diminuir a violência nesses conflitos, o que de fato diminuiu", lembra.