Indígenas Kanela do Tocantins da aldeia Crim Pa Tehi (região do município de Araguaçu) receberam atendimento coletivo da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE/TO), na última sexta-feira, 1º. A ação foi realizada pelo NUAmac Gurupi - Núcleo Aplicado das Minorias e Ações Coletivas e DPAGRA - Defensoria Pública Agrária, em parceria com a Funai – Fundação Nacional do Índio. Os atendimentos foram liderados pelos defensores públicos Leandro Gundim, coordenador do NUAmac Gurupi, Pedro Alexandre Conceição, coordenador do DPAGRA, e o defensor público Hud Ribeiro, com o apoio de Servidores da regional de Gurupi.
Dentre as demandas mais urgentes, os indígenas expuseram a falta de água potável na aldeia, a luta pela conquista de um território próprio, a busca pela inclusão da etnia no nome de batismo e a constituição de uma associação. Com muitas dificuldades, os indígenas da Crim Pa Tehi vivem em uma gleba de terra cedida por um particular, almejando a demarcação de terras e a doação por parte do governo de uma área para que possam caçar, pescar, plantar e viver do próprio trabalho. Além disso, a água na aldeia é mantida apenas por uma cisterna quase seca, muitos não tem documentação básica e não possuem associação própria.
Direitos
O defensor público Leandro Gundim complementa que a aldeia conserva o estilo de vida e a tradição indígena. Porém, as pessoas que moram no local enfrentam dificuldades para o exercício de direitos, como o acesso à justiça, tendo em vista a distância dos equipamentos públicos e a precariedade do transporte público. Uma edição do projeto “Defensoria Itinerante” está agendada para o dia 20 de outubro na aldeia, onde os Defensores Públicos irão retornar à aldeia para dar continuidade ao atendimento, de forma que todos os indígenas sejam atendidos. “Nesse sentido, o Itinerante levará soluções para diversas demandas dessas famílias,” afirma Leandro Gundim.
Coordenador do DPAGRA, Pedro Alexandre reforça que o atendimento da Defensoria Pública deve alcançar os Assistidos mesmo nos lugares mais distantes dos maiores centros. “As comunidade rurais, como são os Kanela do Tocantins, encontram uma série de dificuldades de acesso aos entes públicos e ao sistema de Justiça. A presença da equipe da DPE visa fazer com que suas demandas sejam ouvidas e atendidas pelas devidas instituições”, expressou Pedro Alexandre.
Aldeia
Os índios Kanela do Tocantins, originários do estado do Maranhão, chegaram ao Tocantins em 1950 a pé e eram conhecidos como ‘’Caboclos’’. Ao chegarem, muitos foram para outras regiões, alguns retornaram ao Maranhão e alguns se fixaram na região do córrego barreira. Os que ali permaneceram, em 2013 começaram a buscar meios de sobrevivência e apoio para fundar a aldeia. Morando em baixo de árvores, os Kanela do Tocantins conseguiram no mesmo ano o reconhecimento da aldeia e instituíram o primeiro cacique, uma mulher, mas que não se manteve por muito tempo na liderança. No ano seguinte, dia 07 de Setembro, os índios decidiram nomear Arlindo Alexandrino de Souza como o próximo cacique e desde então este tem sido o líder deles.